30 maio 2009

BIME (11ª EDIÇÃO) - Bienal Internacional de Marionetas de Évora - 2 a 7 Junho/09

Mais uma Bienal de Marionetas de Évora. Naturalmente que foi um incentivo para os organizadores, o CENDREV, o abaixo-assinado que correu on line, com vista a pressionar os poderes (culturais) sobre a importância da continuidade desta Bienal. Não sei todavia se o suficiente, que vá permitir este importante evento cultural acontecer na cidade de Évora nos próximos anos, organizado e dinamizado pelo histórico CENDREV (antigo Centro Cultural de Évora) que festeja, no ano em curso, 34 anos de existência ao serviço da Cultura e do Desenvolvimento no Alentejo, no País e no Mundo.

Pelos afectos que me ligam ao CENDREV desejo-lhe as maiores felicidades.

25 maio 2009

pensar a solidariedade

"O Sol não espera que lhe supliquem derramar a sua luz e o seu calor. Imita-o e faze o bem que puderes, sem aguardar que te implorem"
(Epicteto)*
Há muitas coisas importantes neste momento que merecem uma profunda preocupação quer na nossa vida pessoal, quer ainda na nossa vida colectiva. A forma de contribuirmos para uma maior serenidade e para um profícuo entendimento sobre o que queremos para o país e para nós, é fazermos um esforço individual e colectivo a partir dos valores da solidariedade. É importante lutarmos por uma justiça equilibrada que permita fazer face às dificuldades do país, das famílias e das organizações. É verdade que alguns se aproveitam da situação para usufruírem daquilo que é de todos. Mas também quase todos temos a consciência que os direitos, a liberdade e a democracia serão defensáveis e sem limite.
Há muito desemprego, aumenta o número de desfavorecidos e de injustiças, mas também existe determinação e coragem. Temos de nos organizar em redor de valores que identificam a nossa cultura, aberta à coexistência pacífica com outras, colocando-nos disponíveis e motivados para reencontramos a paz e a capacidade colectiva de darmos a volta por cima e reencontrarmos o rumo do sucesso e do desenvolvimento.
Ultimamente, para além dos cidadãos anónimos que vão partindo deste mundo, alguns dos quais cada um de nós conheceu, quer pela relação familiar, de amizade ou de vizinhança, outros houve, que partiram também, mas menos anónimos. Conhecidos na sua maioria pelo seu trabalho em prol dos outros. Também pela sua coragem, determinação e solidariedade. Tenho feito eco, neste blogue, da partida de algumas dessas pessoas com as quais tive o privilégio de me cruzar na vida. Todas estas pessoas, as boas pessoas, felizmente a grande maioria, anónimas e conhecidas, apesar da minha idade, continuam a ser um exemplo que quero seguir.
Mas a realidade do mundo perdura e são as pessoas que ficam, no fundo todos nós que percorremos o caminho da existência, aquelas em quem temos de depositar a nossa esperança e as nossas expectativas por uma sociedade mais humana. Por isso cabe a cada um de nós, não importam condição, formação ou cultura, desbravar, como diz o Zeca Afonso “os caminhos do pão”. Pela minha parte, para além da preocupação, vou tentando socializar-me, escutando, reflectindo, intervindo e sonhando. “sempre que o Homem sonha o mundo pula e avança” acrescentaria António Gedeão.

21 maio 2009

joão bénard da costa (1935 - 2009)

Quando alguém, com o qual nos cruzámos na vida, parte, é sempre também um pouquinho de nós que vai junto. As nossas memórias tornam-se, a partir desse momento, mais presentes e com elas emergem os momentos importantes de uma relação, de um crescimento, mas também de admiração e de reconhecimento.
Ao saber agora pelo blogue do Pedro que João Bénard da Costa faleceu, lembro o professor, o intelectual e o amigo que formou estética e historicamente algumas gerações de jovens estudantes de Teatro e de Cinema. Tive a sorte de ter sido seu aluno na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional nos idos anos de 1973 e, desse momento, recordo sobretudo o pedagogo.
Apesar de ter estado muitos anos à frente da Cinemateca Nacional, quis o destino que não nos encontrássemos. Todavia ficarão sempre as saudades.
Manifesto aqui o meu pesar e a minha tristeza.

17 maio 2009

85º Aniversário da Confederação Portuguesa de Colectividades

A Confederação das Colectividades de Cultura e Recreio está a festejar o seu 85º aniversário. O programa da efeméride contempla aquilo que está na génese das Colectividades de Cultura e Recreio: o espaço, por excelência, de cultura e arte de expressão popular.
As Colectividades surgem como espaço de socialização comunitária e escolas de alfabetização popular, ao mesmo tempo que pretendem responder às carências culturais do movimento operário. Acentuam ainda o espírito do Movimento Associativo preconizado por António Sérgio.
Com o Estado Novo, pela mão de António Ferro, é imposta uma hegemonia estética que retira a este movimento cultural e cívico a espontaneidade e a diversidade estética.
Em meados da década de 60 tornam-se espaços de resistência cultural e política. Nas zonas de maior concentração operária, um pouco por todo o país, nas Colectividades de Cultura e Recreio, o culto das práticas culturais e artísticas clandestinas, de estéticas mais elaboradas e diversificadas, coabitam com o culto das práticas culturais oficiais e de estéticas duvidosas e inofensivas. A cultura de resistência coexiste com a cultura oficial. Afinal a alternativa entre uma consciencialização crítica à criação e produção cultural e uma alienação a produtos artísticos e culturais inofensivos incapazes de permitirem o desenvolvimento das populações. Aliás intencional.
Esta contemporaneidade de projectos, oficiais e clandestinos, estrutura-se com a lucidez e a coragem dos dirigentes associativos. Embora decorram em muitas das Colectividades, nos seus espaços físicos, a clandestinidade assume-se muitas vezes em tempo de “fora de horas”. Sei do que falo porque vivi experiências dessa natureza em Colectividades situadas na minha terra, Sacavém, território operário e politizado.
Mas a coragem e a determinação para estas manifestações não surgiam só dos dirigentes associativos. Os “ensaiadores” dos grupos de teatro ou dos jogos florais, assumiam na essência um estatuto nobre de animadores socioculturais, conceito emergente nessa época em França e ignorado e desconhecido em Portugal.
Estes velhos ensaiadores, mas novos animadores socioculturais, assumiam e desenvolviam empiricamente a filosofia e a prática da animação sociocultural e do animador, como a entendemos hoje do ponto de vista epistemológico.
O movimento das Colectividades está hoje mais fragilizado. Foram-se perdendo hábitos de socialização, assim como se foram construindo outros espaços de criação e produção cultural e artística, mais universais. A História faz-se e as Colectividades estão lá, a enunciarem um tempo e uma identidade que define um povo e um país.
Parabéns à Confederação das Colectividades.

11 maio 2009

REVISTA PORMENORES - ALENTEJO


REVISTA PORMENORES - ALENTEJO

Um projecto jornalístico de três jovens diplomados em Jornalismo e Comunicação pela Escola Superior de Educação de Portalegre.
Porventura será um projecto ambicioso, dirão, na medida em que a sua produção, atendendo à forma e conteúdo, é certamente de custos elevados. Mas a determinação destes jovens jornalistas, enfrentando os Velhos do Restelo, é a de promoverem um objecto de enorme qualidade com informação, conhecimento e divulgação sobre o Alentejo, afirmando a Região como um espaço de atracção e de oportunidades emergentes.
A Revista Pormenores está bem estruturada metodologicamente. Coloca em evidência o momento da informação, ao mesmo tempo que recentra o debate público e a reflexão através de artigos de opinião. Afinal permite-se afirmar a região e as suas gentes como protagonistas do seu desenvolvimento. Simultaneamente estrutura-se também com artigos e reflexões de carácter mais nacional ou até mesmo universal.
Não sendo o objectivo deste post fazer uma recensão escrita sobre os artigos da revista, não quis deixar de olhar um pouco mais profundamente sobre os objectos que a estruturam. Neste Número 1, de Maio de 2009, estão presentes algumas áreas do conhecimento, assim como uma entrevista. A Cultura, a Economia, o Ambiente, a Educação fazem parte desta edição, surgindo em artigos de enorme qualidade, o que configura uma preocupação destes jovens em rentabilizar o que de melhor existe na Região ou na Diáspora. De facto, do meu ponto de vista, o sucesso deste projecto só se fará sentir se se rentabilizar o potencial e a qualidade de um conjunto de pessoas que gostam, conhecem e escrevem sobre o Alentejo.
O espaço da Entrevista, como lugar de referência, sobre percursos, projectos ou histórias de vida parece-me um espaço inovador e, ao mesmo tempo, conciliador das pessoas com a Região porque a promovem trabalhando.
A qualidade do material que estrutura a revista enquanto objecto físico é de um nível superior, o que convida o leitor a folheá-la paulatinamente fazendo-o interessar-se ao mesmo tempo pelos objectos da informação e do conhecimento.
O preço praticado, de apenas 3 Euros, não é de mais face à qualidade superior do produto em análise.
Aos jovens, autores do projecto, e a todos aqueles que hoje já colaboram nele, formulo os melhores votos de longevidade e de sucesso empresarial.

09 maio 2009

TRIBUTO A JOÃO MOTA


TRIBUTO A JOÃO MOTA NA ESE DE PORTALEGRE
No decorrer do I Encontro de Educação Artística realizado pelos professores e alunos do Curso de Educação Artística da Escola Superior de Educação de Portalegre, João Mota, artista e pedagogo, actor/encenador da Comuna e professor de Drama, jubilado da Escola Superior de Teatro foi, uma vez mais, homenageado pelo seu percurso singular.
Este momento serviu para que ex-alunos de teatro, formados na Comuna e ex-alunos de educação fizessem um depoimento emocionante sobre o cruzamento das suas vidas com a de João Mota.
Eu próprio contextualizei João Mota no evento, referenciando alguns dos momentos em que nos cruzámos como artistas e pedagogos, assinalando a importância do João como um dos actores/encenadores de referência do Teatro Independente nascido em 1972, primeiro com os Bonecreiros e depois com a Comuna, mas também como referência na História da Educação Artística em Portugal. Lembro a este propósito que foi o primeiro professor de Expressão Dramática em Portugal e que esteve associado à Reforma do Ensino Artístico decidida politicamente por Veiga Simão e promovida por Madalena Perdigão, Arquimedes Santos e Mário Barradas.

A peça, simbólica, que atribui o Tributo, foi construída por um grupo de professores e alunos do Curso de Educação Artística sendo, do meu ponto de vista, uma obra artística onde a estética e o reconhecimento se fundem.
João Mota dinamizou duas Oficinas de Drama, como gosta de mencionar e apresentou em estreia nacional, no CAEP em Portalegre, a sua última encenação na Comuna “Querida Professora Helena Serguéiévna” de Ludmilla Razumovskaia.
Na altura do lançamento do livro sobre João Mota, de autoria da Eugénia Vasques, tive oportunidade de, neste blogue, Maio de 2006, escrever um pouco sobre o João Mota.
Pela sua solidariedade, pelo seu sentido de justiça, pela sua frontalidade e pela sua humildade, mas também pelo muito que tem dado ao Teatro e à Educação Artística em Portugal, o meu muito obrigado João.

04 maio 2009

I ENCONTRO DE EDUCAÇÃO ARTÍSTICA - ESE DE PORTALEGRE

I Encontro de Educação Artística

Escola Superior de Educação de Portalegre

Decorrerá entre 6 e 7 de Maio
* Oficinas de Drama dirigidos por João Mota
(Ginásio da ESEP).
*Estreia nacional da peça "Querida Professora... pela Companhia de Teatro Comuna - encenação de João Mota.
(07 de Maio - 21.30H - CAEP / Portalegre).
* Tributo público a João Mota pelo seu percurso de pedagogo e artista

03 maio 2009

AUGUSTO BOAL PARTIU - PAZ À SUA ALMA

Fiquei a saber, agora mesmo, por mensagem do Amilcar. Estou triste, embora com a certeza de que Boal estando na História do Teatro, está também na memória de todos os que com ele se relacionaram. A última mensagem do Dia Mundial do Teatro, de sua autoria, revela a sua esperança de uma vida melhor dos Homens e das Mulheres do Mundo.

MORREU AUGUSTO BOAL
por
Amilcar Martins - Domingo, 3 Maio 2009, 00:23

Estimados(as) amigos(as) teatreiros(as) -- MORREU AUGUSTO BOAL!Acabo de ter conhecimento da morte, esta madrugada, de Augusto Boal aos 78 anos. Ele foi o criador do Teatro do Oprimido, dramaturgo, encenador, director de actores, teórico, crítico de teatro, metodólogo e pedagogo da Expressão Dramática e do Teatro. Augusto Boal foi, e é, reconhecido como uma das personalidades mais relevantes no panorama da Expressão Dramática e do Teatro Contemporâneo Mundial. O seu amplo legado de exemplo de cidadão humanista e democrático, empenhando a sua intervenção artística e teatral em causas de transformação e de mudança social, sobretudo pelos dispositivos metodológicos que ergueu no seu Teatro do Oprimido, perdurará para sempre como um tesouro imenso a frequentar através das suas múltiplas obras. Experimento neste momento um profundo sentimento de gratidão por Boal me ter influenciado de forma tão fecunda nas práticas teatrais e de expressão dramática que com ele apreendi. Experimento, também, e mais uma vez, um sentimento de orgulho por, em 1975/1976, ter sido eu o porta-voz da Comissão Directiva no convite a Boal para ser professor de Práticas Teatrais e Interpretação na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa. Naturalmente, Boal deixou marcas profundas não só junto dos seus estudantes de Teatro da EST, mas também junto de todos aqueles que, em Portugal, se interessaram pelas múltiplas facetas da sua obra.Este é um momento de singela, mas sentida homenagem a Augusto Boal. Proponho, por isso, que nos juntemos à homenagem de muitos brasileiros a Boal, através do visionamento do documentário disponível na Globo Vídeos: