19 abril 2007

Carta Aberta aos Jovens neste País

Queria dizer aos Jovens do e no meu país que o futuro é inadiável, mas é absolutamente deles, de todos, sem excepção.
Todas as gerações tiveram, na sua contemporaneidade, momentos difíceis, crises graves, solicitações diversas e às vezes adversas, mas conseguiram ultrapassar todos os obstáculos, vindo assim a construir este país.

Falta de oportunidades? Injustiças? Discriminação social e cultural? Estas são regras que vão sendo cada vez mais complexas, mas nunca deixaram de existir. Todas as gerações que têm vindo a construir Portugal geriram com trabalho, perseverança, às vezes luta, todos os obstáculos que levaram à democracia, à criação de uma sociedade mais justa e equilibrada, de uma sociedade mais plural e humana. Se conseguimos? É preciso continuar este desiderato. É preciso estarmos atentos. É fundamental acreditarmos nas nossas potencialidades e também nas nossas capacidades de reivindicar legitimidades que nos conduzam a um país moderno, justo, dinâmico, multicultural e já agora, feliz. Para tudo isto acontecer, isto é, para construirmos um presente e um futuro mais equilibrado, mais justo e de maiores oportunidades, é urgente pedirmos a quem nos governa e vai governando, maior seriedade na causa pública, mais investimento na nossa existência colectiva. Todavia, estes compromissos têm uma dialéctica própria, quer dizer, todos nós, colectiva e individualmente, também temos de investir com seriedade na causa pública e na nossa existência colectiva. Na medida em que somos exigentes para com aqueles que têm as rédeas da gestão do país, também teremos de ser exigentes com nós próprios, sem abdicarmos dos direitos e deveres de cidadania.

No vosso quotidiano construam a humanidade individual e colectiva a partir do empenho e desempenho nas vossas tarefas, aprofundem e façam legitimar a criação das oportunidades em todas as áreas da vida humana, socializem-se, respeitando as diferenças do e no outro: físicas, sociais, culturais, religiosas, étnicas e raciais.

Eu gostaria para o meu país uma juventude que não abdicasse, nunca, de se construir a partir dos valores de uma civilização com História e com histórias de cruzamento e crescimento com outras civilizações. Eu gostaria para o meu país jovens que não se deixassem envelhecer precocemente pelo desalento, pelo contrário, levassem a sua juventude comprometida, em paralelo, com as dificuldades e com a vontade de vencer, de construírem e de se construírem.

Como pai de jovens que iniciam as suas vidas profissionais, como professor de jovens que iniciam os seus estudos e que criam expectativas para o seu futuro, reconheço que a tarefa não é fácil e que o mundo de hoje é bastante mais complexo, porque mais global. Mas, talvez por isso, mais interessante. Ao reconhecer todas estas dificuldades dos jovens, solidarizo-me com eles e tento construir, em conjunto, um mundo melhor. É o papel de todos os pais e professores. Escutar e ajudar os jovens e entendê-los nas suas frustrações, expectativas e ambições. Mas, é também o papel de todos os jovens serem capazes de escutar os mais velhos nesse construir colectivo: a partilha.

Obrigado jovens do e no meus país:
Por serem solidários.
Por sentirem que o país é de todos, sem excepção.
Por quererem continuar a História de uma identidade cultural que tem vindo a pluralizar-se e a ser cada vez mais universalista.
Por exigirem com legitimidade, mas também por oferecerem com solidariedade.