25 março 2007

Queria Dizer

Choca-me imenso que o Estado retire crianças de casa daqueles progenitores que dão amor aos seus filhos, apenas porque são pobres. Devia ajudá-los, fazendo com que as crianças crescessem junto dos afectos familiares, integrados nas comunidades e educadas na diversidade.
Da mesma forma me choca quando as crianças institucionalizadas, já adolescentes, vão para as famílias, muitas vezes rejeitadas desde sempre por estas e são confrontadas com a ausência de tudo e até dos afectos. Ou ficam nas instituições de acolhimento a aguardar a oportunidade de despejo, mas limitadas pela sua condição de dependente social e não ter direito àquilo que, sendo mínimo, fará parte da sua condição de socialização e integração comunitária.
Claro que não generalizamos as instituições de acolhimento, mas temos observado, no contexto económico actual, que existem algumas condições que sinalizam medidas avulsas, arbitrárias e até desenquadradas dos parâmetros daquilo que deve ser um Estado Social.
Quando uma criança chora e apenas se a manda calar, deve-se tentar saber porque chora…


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INFORMAÇÃO
A Delegação Regional da Madeira da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural (APDASC) está a desenvolver um novo projecto, intitulado "Práticas de Animação". Este projecto visa a criação de uma revista no âmbito da Animação, Educação Social e da Pedagogia.

A revista Práticas de Animação pretende reunir artigos de opinião, estudos, divulgação de projectos, actividades e resenhas bibliográficas, respeitando os objectivos definidos para este projecto. São eles:
- Divulgação da Animação Sociocultural através das suas diversas práticas educativas e culturais;
-Contribuir para a construção de um espaço de debate e reflexão sobre a Animação em Portugal; -Possibilitar que Animadores e outros profissionais possam contribuir para a afirmação de novos projectos associativos no âmbito das práticas de Animação Sociocultural;
-Reunir ideias e opiniões sobre teorias e práticas da Animação Sociocultural;
-Estimular os animadores a participar activamente num projecto colectivo.


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Provavelmente daqui por um ano, altura em que este blog fará dois anos de existência, terei necessidade de mudar de página, de estética ou simplesmente desistirei. O blog do meu filho Pedro, 'O Crepe [suzete], por sua iniciativa fará uma pausa. O Pedro não é um homem para desistir e assim reenvia-nos para o seu novo blog: vontade indómita.

19 março 2007

50ª Aniversário da RTP

Estava a fazer oito anos ao mesmo tempo que se iniciavam as emissões da Televisão em Portugal. Sou, portanto, da geração da RTP que festeja agora o seu 50ª aniversário. As memórias de ambos fundem-se no espaço, ao mesmo tempo que se singularizam no tempo, isto é, o privado e o público separam-se para que um dia cada um de nós sistematize as suas próprias memórias.

Assim acontece, aqui e agora. A RTP recorre às suas memórias para afirmar a sua identidade e eu recorro às minhas para reescrever histórias de vida.

A primeira imagem que tenho da Televisão e uma das mais marcantes, pela idade da altura naturalmente, é do programa infantil que acontecia todos os domingos ao fim da tarde em dois momentos: o primeiro, uma rubrica intitulada “O correio do tio João”. Não me lembro do apresentador, mas a moça bonita de cabelos compridos, que o acompanhava, vim a conhecê-la como professora, quinze anos mais tarde, na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional. Era a Teresa Mota, irmã do meu amigo e colega João Mota e esposa do meu ex-director de teatro Richard Demarcy. O outro momento integrado neste programa infantil era a magia e a alegria dos palhaços. Que memórias divertidas tenho da dupla Vasquito e Anhuka.

Nuns momentos fui espectador de Televisão. Assim fui vendo as coisas a acontecer no mundo e a evoluir no conhecimento com a televisão: as Noites de Teatro e gerações de grandes actores e actrizes, a chegada do primeiro homem à lua, o Falar de Teatro com o Mestre António Pedro e ouvir João Villaret na poesia ou o Prof. Vitorino Nemésio no “Se bem me lembro”, até às memórias mais actuais, como o momento da Revolução de 25 de Abril de 1974 ou às notícias da actualidade e do mundo.
Noutros momentos fui protagonista do próprio objecto Televisão. Assim, com catorze anos, embora devesse ter dezasseis, enganei a produção, estive no concurso “Quem sabe, sabe” animado por Artur Agostinho. De facto, pela idade, ainda teria muito que aprender e, por isso, apenas ganhei um mealheiro, em prata, oferecido pela Confidente. Na minha condição de criador, entre os meus dezassete e trinta e sete anos, alguns dos momentos de televisão enunciaram claramente o meu crescimento como pessoa e como artista: no bailado “Ma Mère L’oie”, de Ravel, com realização de Alfredo Tropa, integrando a Companhia de Bailado de Anna Máscolo, em programas de Poesia e Movimento, com realização de Hélder Costa, integrando o Grupo de Águeda Sena, na peça de Teatro “A Estátua” de Luís Stau Monteiro, para estúdio, com realização de Herlander Peyroteo e em alguns espectáculos de teatro, do palco para televisão, como actor do Centro Cultural de Évora. Finalmente, também, como animador de espaços lúdicos e educativos, como o Museu de Évora e a Escola do Magistério Primário da mesma cidade.

Hoje a Televisão, que continuará a criar memórias, já não me traz tanto encanto. Será porque é mais cruel? Mais real? Não podemos sonhar sempre, não é? Chega o dia em que a magia se perde ao descobrirmos o truque…

A propósito, parabéns RTP.