31 maio 2010

O FUTEBOL E A POLÍTICA. O resto é paisagem.

Estamos habituados a ver misturados a política e o futebol. Demasiadas vezes, digo eu. Com os políticos presentes nas tribunas de honra dos estádios, com os escandalosos apoios financeiros aos clubes, camuflados em construção de equipamentos comunitários, com os almoços em catadupa a amigos políticos, individualmente, ou até, imagine-se, a grupos de deputados da suposta região que, a maioria das vezes, por ela nada fazem.
Não é o senso-comum, pelo contrário e paradoxalmente, é a convicção e assertividade dos cidadãos que os levam a falar amiúde desta relação que favorece a ambiguidade e a desconfiança sobre a política e os políticos.
Como gostaria de observar uma relação mais profícua entre os políticos e a cultura e a arte. Não de favorecimento mas de interesse. Não por aquilo que pode significar em termos eleitorais, mas por aquilo que se pode traduzir em desenvolvimento. De facto, tenho de dar a mão à palmatória, o futebol é campeão de bilheteiras e mobilizador de massas. É ostensivamente mais denso demograficamente. Por isso, mesmo que perca, está sempre a ganhar.
Poderia falar aqui uma vez mais sobre o desenvolvimento cultural das comunidades, da educação estética e artística das populações e continuar a perceber que os interesses por estes campos da socialização ou estão, maioritariamente, assentes na expressão popular e espontânea, muito localizada nos lugares, ou respondem, também maioritariamente, à pressão das indústrias culturais massificadas que transformam e alienam as mentalidades e os comportamentos das pessoas.
Voltando à pouca ou nenhuma relação dos políticos com a arte e a cultura, só é possível porque ao longo dos anos da democracia não houve uma aposta de crescimento e desenvolvimento quer em termos educativos, nomeadamente na educação artística, quer em termos de políticas culturais, nacionais e locais, que incentivassem a necessidade não só da fruição mas também da criação cultural e artística.
Dando um exemplo de relação entre os políticos e a arte, neste caso particular entre o teatro e os políticos. O Teatro diz as verdades fingindo que mente. Já os políticos dizem mentiras fingindo que falam verdade.

23 maio 2010

CICLO DE CONFERÊNCIAS DE SENADORES EM PORTALEGRE

O Ciclo de Conferências de Senadores, integrado no Centenário da República Portuguesa, é o primeiro ciclo, com esta dimensão, realizado pelo Instituto Politécnico de Portalegre. O sucesso destas Conferências, pela qualidade e alto nível de reflexão dos convidados, tem aumentado pela afluência do público, dentro e fora desta instituição. Traduzindo um dos seus objectivos, ligação e extensão cultural com e para a academia e, fundamentalmente, para toda a comunidade local e regional, este evento pretende ser a génese da assumpção daquilo que poderá ser a criação de novos hábitos culturais da comunidade. Este ciclo integra personalidades que, de uma forma ou de outra, foram protagonistas na História recente de Portugal mas, a continuar, como pensamos que irá suceder, integrará o próximo uma plêiade de individualidades cujas actividades serão transversais a toda a vida social, cultural, artística e científica do país.


Convidado desta semana: Doutor Mota Amaral

http://www.ipportalegre.pt/html1/conferencias/ciclo.html

21 maio 2010

OS NOVOS TEÓRICO-PRÁTICOS DA ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL

Depois de ter participado nos encontros informais de Animação Sociocultural (ASC) de Aveiro e do Funchal e dos Encontros institucionais das Escolas Superiores de Educação de Beja e de Portalegre, em que a frequência dos estudantes de ASC e dos Animadores Socioculturais a trabalharem nas organizações foi um marco de referência pela afluência, participação e interesse, começa a surgir, nestes jovens profissionais, a ideia de que é urgente definir-se e dignificar-se a sua profissão.
Manifesto o meu regozijo pelo aparecimento, neste momento, de um conjunto considerável de jovens animadores socioculturais que manifestam, não só o seu interesse pelo salário e emprego, o que é legítimo, mas também que iniciam uma preocupação de ordem epistemológica, consubstanciada na forma como problematizam a ASC, partindo muito das suas experiências práticas no terreno para uma reflexão que se vai inserindo e definindo cada vez mais como um corpus teórico da Animação Sociocultural.
Estou convencido que o apelo por mim feito, nos últimos meses, sobre a urgência e a necessidade do aparecimento de mais bibliografia, no mercado editorial, que possa contribuir para uma maior definição do que é Animação sociocultural e para uma eficaz identificação dos perfis e competências dos animadores socioculturais, trará resultados, traduzidos em novos instrumentos e conceitos produzidos noutros territórios para além da academia.
Estes(as) Animadores Socioculturais que participaram nos Encontros como conferencistas não podem perder o entusiasmo, pelo contrário, está nas suas mãos o futuro da profissão, uma vez que farão parte do novo e jovem grupo de pessoas que continuarão a teorizar a Animação Sociocultural. Podem ter a certeza que contarão sempre com o apoio incondicional dos mais velhos e experientes que, nos campos da teoria e da prática, teimam em querer passar o testemunho da responsabilidade histórica de uma profissão cada vez mais emergente.

15 maio 2010

ENCONTRO DE ASC EM PORTALEGRE

11 maio 2010

Acreditem... ou não.

Acreditam que estou à beira de um ataque de nervos? Imaginam o ruído intenso que escutamos nos últimos meses, dias e horas? A crise, o défice, o Benfica, o Papa, o aumento dos impostos, a tolerância de ponto…
Acreditam que não sei para que lado me hei-de voltar? A crise não passa, o défice aumenta, o Benfica é campeão nacional e quer ser campeão europeu, o Papa passeia-se, o aumento dos impostos é só para a classe média e para os mais desfavorecidos, a tolerância de ponto não é clara quanto à ideia de se saber se se trabalha ou não…
Acreditam que este país está desnorteado? A crise afunda-nos, o défice empobrece-nos, o Benfica hipnotiza-nos, o Papa adormece-nos, os impostos martirizam-nos, a tolerância de ponto é a confirmação de pontes…
Acreditam que não me apetece investir mais?
Se calhar é pior. Ficarei mais pobre e mais só.
Afinal nós envelhecemos não porque o tempo passa, mas principalmente porque abandonamos os nossos sonhos.

03 maio 2010

Jornal “O Distrito de Portalegre”

Confesso que não tenho um terço do conhecimento da história do Distrito, como é vulgarmente referido na cidade de Portalegre, como tem o António Martinó. Confesso também que não tenho muito o hábito de comprar todas as semanas os dois números que o Distrito, assim como o Fonte Nova e o Alto Alentejo, publicam na cidade e na região. Apesar disso é com muita mágoa que vejo um jornal local desaparecer. Creio que é uma parte da vida e do corpo da cidade e da região que se perde. As histórias das gentes, a cultura das pessoas e a alma de um povo esvaem-se em tempos de indefinição e em espaços que evocam a falta de esperança e de expectativas. A perda do Distrito é também um patamar da desilusão e da esperança sobre o futuro. É mais uma voz silenciada pela morte que era já anunciada.
As razões do desaparecimento do Distrito são compreensíveis e só à Diocese diz respeito. Mas será que se fez tudo o que era possível fazer para se manter um jornal centenário, com história e com estatuto, mas também como História e como Património Cultural local e regional. Estou em crer que sim.
A questão agora é tentar perceber se o título não se perde no tempo ou se, porventura, não se projecta mais e com mais força.
Há uma hipótese de que se fala e que parte de uma ideia de que o título poderia ser uma oferta, por parte da Diocese, a alguma instituição que quisesse dar continuidade a este património. Uma das instituições referidas em surdina seria ser o Instituto Politécnico de Portalegre, pela sua projecção, pelas suas estruturas e pelo facto de existir um curso de Jornalismo e Comunicação.
Não veria obstáculos a essa hipótese se o Jornal não fosse um órgão do Instituto e de um curso. Torná-lo um porta-voz de actividades ou projectos de uma instituição seria matar à nascença o título e a oportunidade de criar outra história porventura mais universal.
Do meu ponto de vista faz falta na região um jornal que fale dela, se preocupe com ela, mas que seja mais abrangente e isso faz-se, do meu ponto de vista, com assuntos locais e regionais por profissionais da região, mas também com assuntos nacionais e internacionais com profissionais de prestígio e com percurso de colaboração em jornais de referência.
Assim vejo o IPP estar à frente desse projecto mas envolvido num consórcio abrangente com instituições e empresas de prestígio da região.
É uma hipótese que gostaria de ver concretizada. Ter um jornal local e regional mais universal e ter uma projecção exactamente por essa razão.