03 maio 2010

Jornal “O Distrito de Portalegre”

Confesso que não tenho um terço do conhecimento da história do Distrito, como é vulgarmente referido na cidade de Portalegre, como tem o António Martinó. Confesso também que não tenho muito o hábito de comprar todas as semanas os dois números que o Distrito, assim como o Fonte Nova e o Alto Alentejo, publicam na cidade e na região. Apesar disso é com muita mágoa que vejo um jornal local desaparecer. Creio que é uma parte da vida e do corpo da cidade e da região que se perde. As histórias das gentes, a cultura das pessoas e a alma de um povo esvaem-se em tempos de indefinição e em espaços que evocam a falta de esperança e de expectativas. A perda do Distrito é também um patamar da desilusão e da esperança sobre o futuro. É mais uma voz silenciada pela morte que era já anunciada.
As razões do desaparecimento do Distrito são compreensíveis e só à Diocese diz respeito. Mas será que se fez tudo o que era possível fazer para se manter um jornal centenário, com história e com estatuto, mas também como História e como Património Cultural local e regional. Estou em crer que sim.
A questão agora é tentar perceber se o título não se perde no tempo ou se, porventura, não se projecta mais e com mais força.
Há uma hipótese de que se fala e que parte de uma ideia de que o título poderia ser uma oferta, por parte da Diocese, a alguma instituição que quisesse dar continuidade a este património. Uma das instituições referidas em surdina seria ser o Instituto Politécnico de Portalegre, pela sua projecção, pelas suas estruturas e pelo facto de existir um curso de Jornalismo e Comunicação.
Não veria obstáculos a essa hipótese se o Jornal não fosse um órgão do Instituto e de um curso. Torná-lo um porta-voz de actividades ou projectos de uma instituição seria matar à nascença o título e a oportunidade de criar outra história porventura mais universal.
Do meu ponto de vista faz falta na região um jornal que fale dela, se preocupe com ela, mas que seja mais abrangente e isso faz-se, do meu ponto de vista, com assuntos locais e regionais por profissionais da região, mas também com assuntos nacionais e internacionais com profissionais de prestígio e com percurso de colaboração em jornais de referência.
Assim vejo o IPP estar à frente desse projecto mas envolvido num consórcio abrangente com instituições e empresas de prestígio da região.
É uma hipótese que gostaria de ver concretizada. Ter um jornal local e regional mais universal e ter uma projecção exactamente por essa razão.