27 janeiro 2007

Textos Janeiro 2007

Estou ainda apreensivo por não entender a que corresponde, de facto, o período de extensão de horário das crianças e dos professores nas Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico. Afinal trata-se de continuar o tempo lectivo formal ou estamos já na dimensão do informal a que corresponde, entre outras coisas, a prática de tempos livres?

Se nos situarmos no tempo livre formal é óbvio que quem deverá conduzi-lo terá de ser o professor, pois é quem tem a formação pedagógica e didáctica, mesmo nas áreas artísticas. A ser assim, não faz sentido contratar-se animadores socioculturais e/ou artistas.Se nos situarmos no tempo lectivo informal o professor da turma estará eventualmente presente, mas o espaço é claramente conduzido por animadores socioculturais e/ou artistas, ambos com formação académica.

Esta indefinição leva a contratações no mínimo bizarras, mesmo quando são da responsabilidade das autarquias ou de grupos que se organizam sem se saber a qualidade da sua intervenção.Está na altura de se definir a filosofia deste espaço: prolongam-se as aulas ou animam-se projectos e/ou áreas?
Quer seja para uma ou outra finalidade, também se deve ter em conta o perfil de quem conduz e/ou orienta estes espaços.A outra questão que me preocupa é saber se, no espaço lectivo, e conforme o currículo do 1º CEB, os professores vão ter espaço ou não para leccionarem as expressões (dramática, motora, musical e plástica) como disciplinas autónomas ou se, pelo contrário, as vão deixar cair porque no espaço de extensão de horário elas irão aparecer não se sabe como.

A minha opinião vai no sentido de sugerir o reforço das questões didácticas e pedagógicas das expressões, porque é o professor que está habilitado, independentemente dessas mesmas áreas aparecerem com outros objectivos, naturalmente, no outro espaço escolar e com outro perfil de orientadores.

No 2º Ciclo do Ensino Básico continua a ignorar-se a disciplina de Teatro. Como toda a gente sabe é uma área de tal ordem profunda e global que não faz sentido continuar a ignorá-la neste nível de ensino.

Fazer aparecê-la é importante e inadiável. Porque não numa Oficina de Expressões Artísticas (tout court) ou, se quisermos, porque não introduzir já esta criança ou adolescente na prática e na experiência de construir o seu currículo a partir de um menu que lhe é oferecido?



28.Janeiro.2008

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O período que separa os dois semestres lectivos não é, naturalmente, tempo de férias. É tempo de pausa lectiva unicamente. A dinâmica em torno de estudos, de pesquisas, de exames, de relatórios e de outros trabalhos, continua intensamente. Supostamente para os dois elementos que constituem a actividade pedagógica: professores e alunos.

á neste tempo, apesar de tudo, um tempo de descompressão que permitirá atenuar o esforço perante a longevidade do semestre que se avizinha.

Muito embora esta filosofia esteja institucionalmente afirmada, ainda há algumas atitudes, por parte de alguns docentes mas, sobretudo, por parte de um número considerável de estudantes, a configurarem modelos que insistem em cultivar inércias e roturas ainda que passageiras. Observamos permanentemente, no último dia de aulas dos 1ºs semestres, uma expressão de despedida como se realmente fôssemos de férias: boas férias professor!

No entanto não estamos de férias, uns e outros! A interiorização deste conceito no quotidiano das pessoas, que têm ainda muito trabalho a desenvolver antes que termine o ano lectivo, leva-os a perder ritmos e práticas, quando se desvinculam, ainda que temporariamente, dos seus compromissos e projectos perante si-próprios, os outros ou perante as instituições.

É apenas uma reflexão. Sem moralismos. Mas que nos deve levar a reorganizar a nossa cultura do compromisso.



24.Janeiro.2007

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Este espaço não pretende existir com a função de publicitar eventos que, sendo importantes para as áreas que defendo e com as quais me identifico, não me envolve de uma forma directa. Pretende ser um espaço onde aproveito para problematizar as questões do quotidiano que, de uma forma directa, isso sim, me envolvem enquanto pedagogo, artista, animador e cidadão. Pretende também ser um espaço onde, não estando aberto directamente em rede, não se recusa ao diálogo e à teorização da coisa pública, incluindo as áreas que me estão próximas, através do contacto sempre possível pelo correio electrónico.

Tudo isto a propósito de pedidos sistemáticos de muita gente, e de muitas áreas, no sentido de publicitar eventos por si organizados. Não me recusarei porventura, e pela sua importância, de comentar muitas vezes alguns desses eventos, sobretudo quando traduzem a iniciativa, a inovação e a consciencialização de cidadania, manifestados por todas as pessoas, especialmente pelos mais jovens.

Esta pequena reflexão vai entrosar numa outra feita pelo Carlos Costa no seu blog Flama de Vida e que é ao mesmo tempo um desabafo seu. A propósito de um tema que denominou “Nada avança por estar parado”, lamenta-se este nosso amigo que não basta os jovens animadores concluírem os seus cursos, onde muitas vezes são extraordinariamente activos para, depois da sua conclusão, esperarem apenas pelo aparecimento do seu emprego, legítimo aliás, ao mesmo tempo que se abandonam a uma inércia e a alguma frustração por não o irem conseguindo na medida das suas expectativas. Existindo já imensos espaços associativos onde os jovens profissionais podem crescer, tanto na reflexão como na problematização das suas práticas; existindo inúmeras associações onde os animadores(as) podem pertencer, criando identidades próprias, ao mesmo tempo que legitimam a profissão e o estatuto da mesma; existindo já um movimento associativo na área da animação, e não só, que revela e poderá revelar muito mais, se mais jovens a ele aderirem, um espaço cada vez mais dinâmico, criativo, educativo, inovador e de aprendizagem permanente de democracia, assim como de criação de oportunidades; não se entende então a fraca adesão dos jovens técnicos e técnicos superiores de animação, à participação e à militância nessas associações.

Era de resto neste sentido que ia o desabafo do Carlos Costa. Presumo pela ausência de adesão dos jovens profissionais ao apelo de se inscreverem como sócios nas várias associações existentes e, neste caso, na APDASC, onde recentemente houve novas eleições para os corpos dirigentes, ao mesmo tempo que se fazia campanha para inscrição de mais sócios.

Eu também faço esse apelo. Organizem-se no Movimento Associativo, inscrevam-se nas Associações existentes ou criem outras. No compasso de espera entre o desemprego e o emprego lutem, invistam, estudem, pratiquem, incentivem e pratiquem o voluntariado. Este pode trazer-vos oportunidades que não esperavam.

Não me contradizendo com o início do meu texto vou dizendo: vamos entrar agora no ensino superior no Semestre II. Como vem sendo hábito é neste período académico que as instituições e cursos organizam eventos importantes da vida académica e profissional ligada a vários campos do conhecimento. Congressos, Encontros e Seminários vão proliferando por temas, por áreas e por interesses. Enquanto uns são organizados por associações académicas e associações profissionais, outros começam a ser organizados por grupos de alunos, por cadeiras de cursos, etc.

É natural que os estudantes finalistas queiram divulgar os seus projectos finais de curso. Estaremos na ESE de Portalegre, por exemplo, não só a organizar o nosso V Fórum sobre Animação, como no âmbito da cadeira de Projecto Sociocultural irão ser concretizados pelos alunos do 4ª ano de Animação Educativa e Sociocultural (sub-grupos) os projectos finais de intervenção nas comunidades. Como na minha Escola, estão seguramente outros cursos, noutras Instituições, a planificarem e a realizarem neste período várias actividades como é o caso do 4º Ano do Curso de Animação Sociocultural da Escola Superior de Educação de Beja que irá realizar um concurso de ideias “ IdEoTeCA” entre 01 de Janeiro e 20 de Fevereiro de 2007 de forma a virem a realizar um projecto de animação para o desenvolvimento (consultar www.ideoteca.blog.com ).

Já agora informar que na Universidade dos Açores o meu amigo e colega Pedro Gonzalez está a organizar o VI Encontro de Inovação Educacional que irá decorrer em Angra do Heroísmo entre 20 e 21 de Abril de 2007 e que no Uruguay (Montevideu) vai decorrer o 3º Seminário de Animación Social y Cultural entre 20 e 22 de Julho de 2007 com a temática “Participación Social y Subjetividad”, organizado pelo Foro Permanente de Tiempo Libre y Recreación




15.Janeiro.2007

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No início deste ano da graça de 2007, sem paternalismos e sem lamechas, gostaria:

Numa dimensão universal: que o Mundo se humanizasse e cooperasse através da Paz, da Solidariedade, mas também através da Fraternidade, respeitando sempre as identidades culturais, históricas e religiosas dos povos e das nações.
Numa dimensão nacional:Que os pobres não empobreçam mais, pelo contrário, que atinjam, cada vez mais, limites humanos e dignos de sobrevivência;

Que os desempregados encontrem as oportunidades de contrariar os seus futuros, tornando-os mais risonhos e mais estáveis;Que as crianças e os idosos tenham as oportunidades e o direito de serem mais felizes e de merecerem cada vez mais atenção de todos nós;
Que encontremos todos, sem excepção, as oportunidades e os espaços da nossa realização individual e colectiva na direcção de maior cidadania e de melhor qualidade de vida;
Que a inveja, a intriga e os ódios se dissipem do nosso quotidiano e da nossa cultura, dando espaço ao diálogo, à tolerância e à frontalidade;
Que, por último, a doença não prolifere e que possamos encontrar soluções científicas e de esperança, para reencontrarmos o nosso bem-estar físico, emocional e afectivo em pleno.

Mas há também a coragem. Esta tem de estar dentro de nós.
Pela forma como se encara o infortúnio, e se combate a desgraça, é importante encontrar a coragem e a vontade de viver. Como faz muita gente corajosa que todos nós vamos conhecendo à nossa volta. Quero enviar o meu abraço de esperança e de solidariedade a todos os pobres e doentes do Universo. Quero estar com a coragem que têm vindo a demonstrar os meus amigos como o Dr. João Transmontano, a Tina, a minha sogra, a tia Esperança e muita gente infelizmente, para quem eu desejo melhoras e esperança de muitos anos de vida.



05.Janeiro.2007