29 abril 2012

DIA MUNDIAL DA DANÇA (3)


Neste dia Mundial da Dança também não quero esquecer muitas crianças e jovens que comigo, e através da Dança, construímos futuros, afectos e artistas. Lá, no meu Estúdio de Dança, no FAOJ, em Évora, entre 1975 e 1979.

Neste Dia Mundial da Dança também não quero esquecer que dancei!


DIA MUNDIAL DA DANÇA (2)


FORMADO PELA ESCOLA SUPERIOR DE BELAS-ARTES, CREIO QUE EM ARQUITECTURA, ARMANDO JORGE NÃO DESCURAVA, COMO FIGURINISTA, OS DÉCORS E OS FIGURINOS DOS SEUS BAILADOS.

AQUI DOIS EXEMPLOS, ASSINANDO COM O PSEUDÓNIO “DA SILVA NUNES”.

DIA MUNDIAL DA DANÇA (1)

Conheci-o nos finais da década de 60 em casa de um amigo comum, Alexandre Ribeirinho. Estava nessa altura em Paris já como bailarino solista. Reencontrámo-nos em dezembro de 1973 no Ballet Gulbenkian onde ele dançava Petruska de Stravinsky e nós fazíamos parte do corpo de baile do Quebra-Nozes com coreografia sua, segundo Petipa, que ele veio a repor na CNB. Durante vários anos mantivemos contacto. Hoje sei que se reformou mas não deixou a dança e a intervenção cívica. Neste Dia Mundial da Dança é Armando Jorge que quero homenagear. Pela sua categoria de bailarino e coreógrafo e pela sua dedicação à coisa pública, democratizando a arte e o ensino da dança em Portugal à semelhança de mais dois nomes nacionais como Anna Mascolo e Margarida de Abreu.

Armando Jorge iniciou os seus estudos de ballet no Círculo de Iniciação Coreográfica de Margarida de Abreu, em 1958. Foi bailarino, coreógrafo e director artístico da CNB entre 1978 e 1993.
"Dediquei-me à companhia sempre na tentativa de fazer um bom serviço público. Fui afastado involuntariamente", lamentou, recordando a altura em que se insurgiu contra a separação da CNB do TNSC no início dos anos noventa.
Aluno de William Dollar no American Ballet Theatre, e de Daniel Seilier na Òpera de Paris, foi figura principal no Ballet Gulbenkian até 1975.
Foi o primeiro português a interpretar os grandes clássicos como "Giselle" no papel de Albrecht, "O Lago dos Cisnes" no papel de Siegfried, "Raymonda" no papel de Jean de Brien, e "O Quebra Nozes" no papel de Príncipe, e depois o repertório neo-clássico e moderno de coreógrafos de renome como Balanchine, Norman Waker e John Butler.
Além de director-fundador da CNB, organizou o Centro de Formação de Bailarinos desta companhia, na qual foram formados alguns dos mais destacados bailarinos portugueses.
"O Quebra Nozes" com coreografia de Armando Jorge, segundo o argumento de Marius Petipa, tem música de Tchaikovsky, cenografia e figurinos de Artur Casaes e desenho de luz de Pedro Martins.
Talvez o mais dançado de todos os grandes bailados clássico, foi originalmente apresentado no Teatro Mariinski de São Petersburgo, em 1892, e estreado em Portugal pela CNB em 1984, no TNSC
O coreógrafo Armando Jorge foi condecorado pelo Presidente da República com o Grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, no final do espectáculo de estreia do bailado clássico "O Quebra Nozes".
O coreógrafo disse, na altura, que dedicava a condecoração aos artistas com quem trabalhou toda a vida: "Eles foram a minha família e a dança foi a minha paixão. A dança, como qualquer arte, só se faz por paixão", salientou.

24 abril 2012

CASAMENTO DE ABRIL

Fizemos parte, eu e a Ilda, da geração que no dia 25 de Abril de 1974 fez a revolução na rua ao lado dos militares. Fomos POVO/MFA. A Ilda em Évora e eu em Lisboa.
Viemos a conhecer-nos em Lisboa em 1982 e casámos em Évora em 24 de Abril de 1983. Fizemos 29 anos de casados. Queríamos um casamento de Abril e só não foi a 25 porque o Registo Civil estava encerrado. Mas entrámos, juntamente com os nossos amigos e familiares, pela madrugada dentro, cantando canções revolucionárias no Alto de S. Bento.
Entre aquele período que não nos conhecíamos, isto é, entre Abril de 1974 e Abril de 1982, e também a partir de Abril de 1983 até ao momento, alimentámos a nossa relação e os nossos filhos com os ideais de Abril. Foram momentos extraordinários de festa, de trabalho, de solidariedade, de partilha, de investimento pessoal e colectivo, para chegarmos hoje à desilusão e à tristeza no país que tanto acreditámos e que tanto amamos.
Houve, ao longo destes 29 anos de casados, momentos pessoais e profissionais por vezes difíceis de ultrapassar. Mas com a coragem e com o objectivo de contribuirmos para um mundo melhor, foram sendo ultrapassados.
Nesta altura da nossa idade vemos o futuro, não só para nós, mas também para os nossos filhos e netos e todo o povo que vive do trabalho, nuvens negras no horizonte. Vamos tentar com o amor que nos une, forte e imenso, com a dedicação e partilha, como sempre fizemos, dar toda a nossa energia para que um Abril Novo volte a sentir-se nestes amanhãs de dúvidas e desespero.

17 abril 2012

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR

Nesta altura uma grande maioria dos cursos dos Politécnicos e das Universidades estão ou vão ser avaliados pela A3ES. Muitos cursos de ambos os sub-sistemas de ensino superior vão chumbar nestas provas de aferição ao seu funcionamento. Por todas as razões, mas também por questões de ordem económico-financeira, na senda da política imposta pela TROIKA.
Há uma questão, todavia, que me entristece profundamente. A insistência de uma cultura de hegemonia por parte das Universidades valorizando a ideia de que o principal campo de formação de excelência se encontra nas suas fileiras, excluindo ostensivamente os Politécnicos, por exemplo, desvinculando-se de uma cultura de intercâmbio e cooperação mais sistemática. A Universidade assume-se, por vezes, de uma forma arrogante no discurso não-oficial, embora sejam porta-voz deste discurso muitos dos seus responsáveis institucionais, como a instituição de ensino superior de excelência, ignorando a história, recente é verdade, do Politécnico em Portugal na formação de quadros técnico superiores de elevada qualidade e, sobretudo, no papel fundamental dos Politécnicos no desenvolvimento local e regional.
Para além deste faits-divers entre a Universidade e o Politécnico e que não correspondem à excelência de uns sobre os outros, isto é, existem Universidades melhores e outras piores como existem Politécnicos melhores e piores. Há aqui uma dimensão política que nenhum governo até ao momento teve a coragem de corrigir, quer na proliferação de instituições de ensino superior, quer na proliferação de cursos iguais entre as instituições.
Se olharmos para estes últimos quinze anos de ensino superior verificamos que muito pouco, ou quase nada, os Politécnicos invadiram o espaço da formação das Universidades e que o contrário não foi assim tão claro. Basta olharmos para os cursos de professores do ensino básico e de educadores de infância que originariamente seriam tarefas das Escolas Superiores de Educação, mas que rapidamente passaram também a ser espaço de formação das Universidades. O que não aconteceu com a formação de professores do ensino secundário que funciona exclusivamente nas Universidades.
Depois da crise na formação de professores os Politécnicos viraram a sua formação para outras áreas maioritariamente ausentes nas Universidades, mas que pouco tempo depois, uma vez mais, foram espaços formativos integrados no interior destas.
Somos agora confrontados, para além da desterritorialização do ensino superior a acontecer num futuro próximo e sem se saber o que é que vai prevalecer, com a perda de cursos, pelas razões políticas atrás referidas, mas também por questões de diminuição demográfica nas regiões, por questões de qualidade científica e pedagógica e por questões de empregabilidade.
O apelo que faço aqui aos políticos vai no sentido de se desenvolverem mecanismos que não penalize o que por natureza já esta penalizado. Olhe-se o interior com mais cuidado e tenha-se a coragem política de perceber que os grandes centros urbanos e a maioria do litoral têm de contribuir para a discriminação positiva do interior. Veja-se o que é importante para as regiões, para o seu desenvolvimento, para o retorno populacional, para a instalação de tecido empresarial. No que diz respeito ao ensino superior veja-se afinal a sua função fundamental no desenvolvimento local e regional e não se desmantele, a torto e a direito, uma história, uma experiência de qualidade. Muitos dos cursos que são transversais aos dois sub-sistemas e a todo o território nacional devem ser vistos de outra forma, talvez concentrados em duas, três Escolas. Aqui também deve haver a discriminação positiva. E não é pedir muito. A César o que é de César!