29 abril 2012

DIA MUNDIAL DA DANÇA (1)

Conheci-o nos finais da década de 60 em casa de um amigo comum, Alexandre Ribeirinho. Estava nessa altura em Paris já como bailarino solista. Reencontrámo-nos em dezembro de 1973 no Ballet Gulbenkian onde ele dançava Petruska de Stravinsky e nós fazíamos parte do corpo de baile do Quebra-Nozes com coreografia sua, segundo Petipa, que ele veio a repor na CNB. Durante vários anos mantivemos contacto. Hoje sei que se reformou mas não deixou a dança e a intervenção cívica. Neste Dia Mundial da Dança é Armando Jorge que quero homenagear. Pela sua categoria de bailarino e coreógrafo e pela sua dedicação à coisa pública, democratizando a arte e o ensino da dança em Portugal à semelhança de mais dois nomes nacionais como Anna Mascolo e Margarida de Abreu.

Armando Jorge iniciou os seus estudos de ballet no Círculo de Iniciação Coreográfica de Margarida de Abreu, em 1958. Foi bailarino, coreógrafo e director artístico da CNB entre 1978 e 1993.
"Dediquei-me à companhia sempre na tentativa de fazer um bom serviço público. Fui afastado involuntariamente", lamentou, recordando a altura em que se insurgiu contra a separação da CNB do TNSC no início dos anos noventa.
Aluno de William Dollar no American Ballet Theatre, e de Daniel Seilier na Òpera de Paris, foi figura principal no Ballet Gulbenkian até 1975.
Foi o primeiro português a interpretar os grandes clássicos como "Giselle" no papel de Albrecht, "O Lago dos Cisnes" no papel de Siegfried, "Raymonda" no papel de Jean de Brien, e "O Quebra Nozes" no papel de Príncipe, e depois o repertório neo-clássico e moderno de coreógrafos de renome como Balanchine, Norman Waker e John Butler.
Além de director-fundador da CNB, organizou o Centro de Formação de Bailarinos desta companhia, na qual foram formados alguns dos mais destacados bailarinos portugueses.
"O Quebra Nozes" com coreografia de Armando Jorge, segundo o argumento de Marius Petipa, tem música de Tchaikovsky, cenografia e figurinos de Artur Casaes e desenho de luz de Pedro Martins.
Talvez o mais dançado de todos os grandes bailados clássico, foi originalmente apresentado no Teatro Mariinski de São Petersburgo, em 1892, e estreado em Portugal pela CNB em 1984, no TNSC
O coreógrafo Armando Jorge foi condecorado pelo Presidente da República com o Grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, no final do espectáculo de estreia do bailado clássico "O Quebra Nozes".
O coreógrafo disse, na altura, que dedicava a condecoração aos artistas com quem trabalhou toda a vida: "Eles foram a minha família e a dança foi a minha paixão. A dança, como qualquer arte, só se faz por paixão", salientou.