DIA MUNDIAL DA DANÇA - TRIBUTO A ANNA MASCOLO


TRIBUTO
A ANNA MASCOLO
“Tenho um ideal a alcançar que transcende o mero ensino: o de criar nos meus alunos uma dignidade humana e artística”*
A ANNA MASCOLO
“Tenho um ideal a alcançar que transcende o mero ensino: o de criar nos meus alunos uma dignidade humana e artística”*
Acreditem que Anna Mascolo conseguiu, durante várias décadas da sua actividade de bailarina e pedagoga, concretizar esta ideia de juntar a humanidade da pessoa à criação artística.
“Anna Mascolo é guardiã de um património fundamental. Se a Dança é uma arte efémera, fugaz, não o é inteiramente com Anna Mascolo, que lhe soube dar a espessura das grandes intérpretes, a dimensão humana de um ensino qualificado e exigente, condições indispensáveis para fundar a memória da arte”*
Com timidez e alguma sensação de ridículo vesti, pela primeira vez na minha vida, entre os meus 16/17 anos, um maillot de dança, assim como calcei sapatilhas rasas e flexíveis que me permitiam realizar pliers, dégagés, saults de chat, sissones, etc., a partir da paciência e competência de Anna Máscolo. Aliás, virtudes demonstradas ao longo de décadas e traduzidas pelo aparecimento de bailarinos e bailarinas que foram figuras de destaque no panorama artístico nacional e internacional na área da Dança (intérpretes, coreógrafos e pedagogos).

Recordo-me dos seus olhares. Pouco convencidas das nossas aptidões, não deixavam todavia de manifestar solidariedade, incentivando-nos. O mesmo acontecia com D. Alice, a pianista, com Manuela Valadas, a assistente e até com o Arq. Vitorio, esposo de D. Anna. Mais flagrante ainda, no período de espectáculos, o incentivo de António Esteves e de Tomaz Ribas, também meu mestre em História do Teatro e da Dança no Conservatório Nacional.
Mas o que mais me marcou foi o olhar de Anna Mascolo, oscilando algumas vezes entre o austero e o compreensivo, entre a mestre exigente e a pedagoga confiante. Entre a amiga professora e a artista de uma humanidade absoluta.
Os seus olhares, críticos às vezes, nunca me inibiram. Pelo contrário, incentivaram-me a conquistar os meus limites. Infelizmente foram curtos. A guerra colonial chamou-me, quebrando assim um sonho que esperava duradouro.
Mesmo assim a Dança permitiu-me adquirir, para além de uma educação estética e artística desenvolvida com a disponibilidade e a força de Anna Mascolo, conhecer também o meu corpo, os meus limites e o meu carácter.
Esse era, é, felizmente ainda, um dos objectivos de Anna Mascolo.
Obrigado Senhora D. Anna
* Site de Anna Máscolo : http://annamascolo.com.sapo.pt/