13 abril 2009

CRISE OU NÃO CRISE, EIS A QUESTÃO!

Tenho reflectido imenso sobre a crise com os meus alunos, futuros animadores socioculturais, técnicos de serviço social, professores e artistas. Falamos da origem, das causas e das consequências da mesma. Reflectimos também sobre as hipóteses de a eliminar. Com boas intenções, com toda a certeza, mas com a consciência de uma retórica que traduz a nossa impotência. É uma questão global, não temos dúvidas, mas no local a crise pode ser atenuada até que se reencontrem os mecanismos da normalidade.
Muitas das coisas que dizemos em contexto de sala de aula, compromete-nos, individualmente, a torná-las públicas noutros contextos, nomeadamente nos contextos comunitários a que pertencemos. A sua concretização é já um projecto pessoal e revela o carácter da militância individual pelas causas.
Mas a discussão sobre a crise compete também às instituições e ao poder político, não só central mas, fundamentalmente, ao poder local. Nesta matéria tem havido uma ausência absoluta. As pessoas são deixadas ao acaso, na ignorância das causas e das consequências, e sem incentivo para as alterar. Não é só com subsídios, financiamentos avulsos e caridade que a crise passa. Tem de haver inteligência colectiva para a ultrapassar. Isso passa pela criação de espaços alternativos onde todos possam ser protagonistas da mudança.
Escrevi neste blogue, durante o mês de Fevereiro, textos que reflectem toda a minha preocupação sobre a crise. Escrevia sobre “As profissões socioculturais e a crise”, sobre “A militância e a solidariedade na Animação Sociocultural” e ainda sobre a “Gestão da Cultura sobre a Crise”.
Tenho consciência do meu papel pedagógico e das minhas responsabilidades de cidadania. Nesse sentido creio que vou contribuindo para alertar as sensibilidades, educar para os princípios e projectar a esperança.
Tudo isto me deixa satisfeito perante um texto interessante que veio no suplemento P2 do Jornal Público de Sábado, 11 de Abril de 2009. “Porque não discutimos a crise em Portugal?” Este suplemento dá as razões por que a crise se discute pouco ou nada em Portugal: “o debate sobre a crise e as suas causas não tem sido feito em Portugal. O P2 perguntou pelas razões por que tal acontece a personalidades que estudam ou acompanham a sociedade e a economia portuguesa. Uns apontam o dedo aos políticos e em particular ao Governo, que acusam de tacticismo eleitoral. Outros consideram que o debate é impedido pelo seguidismo em relação ao modelo económico que entrou em colapso. Há quem diga até que em Portugal não se debatem ideias, só as pessoas. Outros prometem que o debate vem aí”.
É interessante ler o trabalho da jornalista São José Almeida.
Eu, por mim, tenho a consciência tranquila.