20 setembro 2011

GRUPO DE BAILADO DE ANNA MÁSCOLO

Em Dezembro de 1970 dançávamos no Teatro Maria Matos um reportório muito próprio da época natalícia. Coube-me a mim e à Maria Palmeirim dançarmos um pas-de-deux do bailado (suite) Ma Mère L' Oye de Maurice Ravel.
Nos ensaios finais, perto da estreia, estava no exército, quase pronto a partir para a Guiné, o que veio a acontecer a 11 de fevereiro seguinte, eu não estava presente ainda no estúdio para o ensaio, haveria de chegar atrasado do quartel de Leiria. D. Anna, mesmo assim, quis fazer um ensaio quase seguido, passando a minha parte, sabendo que, quando eu chegasse, o meu quadro seria particularmente trabalhado.
Decorria então o ensaio e, ao contrário do que estava previsto, cheguei um pouco mais cedo, o que me permitiu pensar que, colocando a máscara do monstro, mesmo sem me equipar, na altura certa o ensaio não seria interrompido. Também queria fazer uma surpresa à D. Anna, portanto, ela não sabia que eu já estava no estúdio.
Espero pela minha entrada, o momento musical do pas-de-deux que, em princípio, iria ser interrompido supostamente pela minha ausência. Eis que chega o momento, irrompo pela sala a dentro, de botas grossas da tropa, fardado e de máscara, disposto a fazer um brilharete, isto é, não contribuir para a interrupção do ensaio. Mas foi pior a emenda que o soneto. Todo o Estúdio entra num riso contagiante, o que impossibilitou qualquer continuação do ensaio. Afinal, mesmo comigo na sala de ensaios, ao contrário do que eu imaginara, o ensaio foi, na mesma, interrompido.