05 abril 2011

RIAs de Animação Sociocultural

Às vezes pergunto-me porque é que existem duas Redes de Animação Sociocultural, uma Iberoamericana e outra simplesmente Internacional. Se a segunda é Internacional supostamente é europeia, americana, asiática e por aí fora. Por isso não faz sentido, digo eu, que haja uma Iberoamericana. Pergunto. Para quê? Qual é o papel de Portugal nesse contexto iberoamericano? Pergunto-me também porque existem estas duas Redes de ASC. Fazem o quê, exactamente? Organizam Congressos? Mais nada? Quem legitimou a entrada de Portugal nestas duas redes, ou só numa, na Iberoamericana, por aquilo que sei? Qual a formalidade que leva Portugal a pertencer a uma ou a outra? Uma e outra são ideias de duas pessoas que prezo. Parece-me serem dois projectos pessoais e cuja dinâmica interna depende de cada um deles em cada uma das REDES. Claro, dir-me-ão, existe parcerias na organização da coisa. Mas o facto é que cada uma das redes está dependente de um “leader natural”. Primeiro, não me identifico com leaders naturais. Segundo, não acredito nos projectos demasiados centralizados numa ou duas pessoas. Terceiro, ponho em causa a legitimidade de me representarem em Nodos, Núcleos, sem que para isso tenha havido um processo democrático de representação. Acredito mais na descentralização e na gestão democrática das organizações. Acredito muito mais que os eventos só têm sucesso se forem das e para as pessoas, ou alguém legitimamente por elas eleitos. Claro, tem de haver Congressos científicos dos académicos e para os académicos. Parece-me que é de pararmos com esta coisa dos académicos serem os protagonistas de eventos, onde a maioria, os Animadores Socioculturais, deveriam ser preferencialmente os protagonistas. Afinal andamos há tantos anos em Portugal, em Espanha e em França a “estudar” a Animação Sociocultural e ainda não fomos capazes de criar os Estatutos Profissionais nem valorizar a função e a profissão dos Animadores Socioculturais à luz de uma legitimidade emergente. O que Têm feito os Congressos das RIAs sobre esta questão? Que contribuição têm dado os académicos, os teóricos, para esta questão? Afinal quem se interessa, de facto, pela definição da profissão? Os académicos? Os Animadores Socioculturais? Não vejo, uns e outros, a pensarem na profissão nem nos Estatutos. Porquê? Os primeiros passam o tempo a reflectir sobre o que é e o que poderá vir a ser a Animação Sociocultural para legitimarem os seus nichos do conhecimento nas suas Universidades. Os segundos, objectivamente, vivem mais preocupados com o emprego, o que lhes confere alguma legitimidade, e muito menos preocupados ou disponíveis para reflectirem sobre as suas práticas.