21 novembro 2010

OS CONGRESSOS E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS

Entre 12 e 14 do corrente decorreu em Viana do Castelo o “I Congresso sobre o estado do Teatro em Portugal” e em Aveiro, entre 18 e 20, também deste mês, aconteceu o “I Congresso sobre a Profissão e os Estatutos Profissionais do Animador Sociocultural”.
Foram duas semanas muito agitadas profissionalmente porque, entre congressos, aconteceram as viagens e a actividade docente. Mas valeu a pena.
No primeiro Congresso, sobre o estado do Teatro em Portugal, fiquei com a ideia de um conflito latente entre os criadores e os académicos. Para ser mais realista, a percentagem de criadores presentes no Congresso foi de um criador para dez, quinze académicos, o que, por si só, revela o interesse daqueles para com os espaços de debate de uma área tão ampla, que não se reduz à criação e produção de espectáculos teatrais. A dimensão do Teatro, como se pôde verificar no decorrer do debate, tem uma amplitude de tal grandeza que nos reenvia para um protagonismo disseminado entre muitas áreas da vida, do quotidiano e do estudo. É por isso que, em minha opinião, não há razão para a existência de qualquer conflito entre os protagonistas acima referidos, porque o Teatro é a arte mais plural e democratizadora.
Foi, sobretudo, um Congresso que ajudou a colocar o Teatro num patamar de arte responsável e comprometida com a vida dos cidadãos.
Foi também um Congresso que esteve sob “um olhar de afectos e de cumplicidades” do meu saudoso mestre e amigo Mário Barradas, cuja personalidade foi merecedora de mais uma homenageada póstuma.
Do Congresso de Aveiro, sobre a Profissão e os Estatutos dos Animadores Socioculturais saíram, finalmente, dois documentos, aprovados por unanimidade, que consubstanciam uma definição da carreira, de papéis e de perfis dos Animadores Socioculturais Portugueses. Afinal os documentos que legitimam o exercício da profissão: o Estatuto Profissional e o Código Deontológico.
A partir de Janeiro, a Comissão que saiu nomeada pelo Congresso, iniciará o trabalho de divulgação e difusão destes documentos junto do poder político, das várias tutelas envolvidas nos territórios da Animação Sociocultural, mas também junto do poder local, instituições de formação média e superior e dos empregadores, de forma a criar-se um espaço favorável à aprovação formal e institucional destes documentos o mais rapidamente possível.
O sucesso de ambos os Congressos deve-se ao trabalho voluntário de pequenas equipas que, durante meses a fio, trabalharam incansavelmente para que tudo decorresse com normalidade. Do Congresso de Viana do Castelo saúdo toda a equipa através do Marcelino Lopes e do Congresso de Aveiro saúdo também toda a equipa através do Carlos Costa. Muito obrigado a ambos pela forma como fui recebido mas, sobretudo, por tudo quanto fui aprender.