11 novembro 2010

CONGRESSO DE TEATRO EM VIANA DO CASTELO HOMENAGEIA MÁRIO BARRADAS

O I Congresso sobre o estado do Teatro em Portugal iniciar-se-á amanhã em Viana do Castelo, culminando no próximo domingo.
Serão muitos os painéis de debate sobre a temática “O estado do Teatro em Portugal” onde irão participar pessoas ligadas à actividade global do Teatro. Vai ser interessante porque, até este momento, não houve ainda um Congresso em que se debatesse toda a problemática do Teatro em Portugal, desde o ensino à investigação, da criação à produção, da função à missão e por aí fora…
Parece-me interessante pela razão acima mencionada mas, também, e porque me toca particularmente, por ser um Congresso que vai homenagear Mário Barradas.
Aqui neste blogue, e em livro também, tive oportunidade de falar sobre Mário Barradas, fazendo eu a minha singela homenagem. O CENDREV (ex Centro Cultural de Évora), por razões óbvias, também fez já a sua homenagem. Curiosamente é na descentralização cultural, que ele defendeu toda a vida, que estas homenagens surgem, espontâneas e verdadeiras.
Na grande cidade, na Lisboa cosmopolita, o Mário tem sido absolutamente ignorado, quer pelos poderes públicos que ele serviu com militância, quer mesmo pelos próprios colegas que em vida o apaparicavam, tentando obter deles apenas proveitos próprios.
Incomoda-me bastante o frenesim que se faz, aquando da estreia de espectáculos teatrais sobre grandes dramaturgos, clássicos e contemporâneos, badalando-se como se nunca tivessem sido feitos em Portugal. Lembro que o Mário Barradas em Évora, com o Centro Cultural de Évora e posteriormente com o CENDREV, encenou belíssimos espectáculos que mostrou à cidade, às cidades, mas também a muitas zonas rurais deste país. Poderia falar de muitos autores clássicos e contemporâneos encenados e representados excelentemente por Mário Barradas, mas prefiro falar de um deles que está agora aí em cena como se fosse a grande novidade do teatro em Portugal: O Senhor Puntila e o seu criado Mati” de Brecht. Do trabalho do Mário sobre este texto lembro a excelente encenação e a magnífica interpretação. O Mário Barradas estava magnífico, virtuoso e inteligente, como sempre o era. Mas também me lembro das interpretações do José Peixoto, da Júlia Correia, do João Lagarto e de tantos outros.
Esta homenagem que vai ser feita ao Mário Barradas em Viana do Castelo, no I Congresso sobre o estado do Teatro em Portugal, permitam-me que a complete e a materialize no seu projecto mais profundo, que foi o início, o nascer do Centro Cultural de Évora. Foi esta instituição, dirigida por Mário Barradas, que traçou e divulgou uma matriz, bastante presente hoje em muitas das Companhias de Teatro em Portugal dirigidas por antigos discípulos de Mário Barradas.
Assim a primeira foto mostra a primeiríssima Companhia do Centro Cultural de Évora. As restantes relembram-nos a excelente interpretação do Mário no papel do Senhor Puntila.