29 janeiro 2010

A Cultura no local e no global

Como fazer emergir, no conceito de globalização, as tradições culturais locais resultantes das práticas comunitárias?
É interessante pensar que o local não está tão longe do global. Afinal este é o conjunto de muitos locais, de muitas tradições, de muitas culturas e de muitas práticas comunitárias.
É nesta dialéctica entre o local e o global que a cultura se universaliza, ao mesmo tempo que mantém as suas singularidades.
A afirmação de ambas, a universalidade e as singularidades da Cultura, desenvolve-se através da participação e da divulgação.
A democratização de ambas, a universalidade e as singularidades da Cultura, atinge-se pela igual oportunidade de acesso a uma, (fruição e criação), e pelo respeito, (identidade e autenticidade), de outras.
Que dizer de Roger Planchon em França e de Mário Barradas em Portugal, nos respectivos processos de descentralização teatral, quando colocavam os clássicos do Teatro, de Shakespeare a Molière, de Goldoni a Marivaux e tantos outros, ao serviço da emancipação cultural das populações.
Que dizer também dos projectos culturais, em que as linguagens artístico-culturais universais veiculam tempo e espaço de compreensão do Mundo (identificação), a partir das afinidades e semelhanças com os artefactos dos locais.
Que dizer ainda, por exemplo, do mais recente projecto de Madalena Vitorino, o espectáculo “Vale”, quando utiliza a linguagem universal da Dança, envolvendo profissionais e pessoas comuns das comunidade de itinerância afirmando, através dessa universalidade, a singularidade das comunidades e dos seus territórios.
A Cultura, a Arte e a Vida em itinerários de cruzamentos, de pontes, onde a universalidade se projecta no local e as singularidades se reconhecem no global.