05 outubro 2009

OLHAR EM FRENTE, AFINAL.

Este post, surge com dois objectivos. O primeiro, já há muito que o deveria ter feito, veio corrigir uma lacuna na informação científica. O segundo serve para mostrar que, quando reflectimos e ambicionamos, temos resultados favoráveis e uma visão de futuro.
Primeiro resultado e primeira visão do futuro:
Em Julho de 1989 publicava na Revista “Aprender” nº 8, da Escola Superior de Educação de Portalegre, um artigo intitulado “A Necessidade de formar Animadores Culturais”. Colocava neste artigo a emergência de uma formação em Animação Sociocultural, tanto ao nível de uma formação intermédia, como de uma formação superior, relegando para as Escolas Superiores de Educação ambas as formações. A última destas formações a partir de um Diploma de Estudos Especializados e de pós-graduações.
Havia, tal como hoje, vários modelos de formação na minha cabeça, fruto da minha história de animador cultural pelas Colectividades de Sacavém desde os meus 16 anos, mas também pela minha formação artística em Dança e Teatro, tanto a nível de licenciatura e de mestrado, como de doutoramento.
Pelo facto de ser docente na ESE de Portalegre, este artigo impulsionou a urgência de se avançar, logo que se criassem as condições, para a abertura de um curso de animadores socioculturais, o que veio a acontecer no ano lectivo de 1994 na forma de um bacharelato. Foi, efectivamente, o primeiro curso superior em Animação Sociocultural no ensino superior público em Portugal.
Marcelino Lopes na sua tese de doutoramento, publicada em Março de 2006 com o título “Animação Sociocultural em Portugal”, omite este facto, remetendo o aparecimento do curso da ESE de Portalegre pela primeira vez em 1999, conjuntamente com as ESEs de Beja e de Santarém. De facto, nesta altura iniciou-se um novo ciclo em Portalegre. Passámos de um bacharelato iniciado em 1994 para uma licenciatura bietápica em 1999.
Segundo resultado e segunda visão do futuro:
Apresentei uma Comunicação intitulada “Os artistas-professores e a especificidade da investigação em arte nos institutos politécnicos” em Outubro de 1993 no 2º Congresso do Ensino Superior Politécnico realizado em Castelo Branco. Posteriormente publiquei-a na Revista “Aprender” nº 20 de 20 de Outubro de 1996 da ESE de Portalegre.
No referido artigo desenvolvi o conceito de artista-professor, ao mesmo tempo que lhe atribuía algumas responsabilidades no âmbito da avaliação em arte no exercício da sua função pedagógica. Mas como a avaliação, já naquela altura, não se resumia só à avaliação dos alunos, problematizei também a avaliação dos professores, sobretudo ao nível da sua progressão académica.
Neste sentido, e para observarmos a oportunidade de tal reflexão, ao tempo, face ao Decreto-Lei nº 230/2009 de 14 de Setembro, emitido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, que conduz a novas regras de teses de doutoramento em arte, vou tentar mostrar a coincidência principal entre a minha reflexão e o Dec-Lei agora publicado.
"(…)
Um dos esquemas dominantes que conhecemos no meio académico, para a difusão da investigação, é sem sombra de dúvidas a escrita. A ser imposta ao artista-professor apenas uma análise intelectual da sua produção artística, isto é o produto, esquecendo uma prática estritamente artística, o processo, e submetendo-a exclusivamente aos seus pares (júris, avaliadores, etc.), esquecendo-se obviamente do público que, em última instância, é para quem a obra é dirigida, será uma actividade de investigação incompleta.
(…)
Este processo, que subentende também a avaliação do artista-professor para efeitos da progressão na carreira, pode estar ligado não só à publicação de artigos e livros, como também à produção artística propriamente dita de conteúdos e formas originais apresentadas das mais diversificadas maneiras: exposições, espectáculos, etc.”