02 agosto 2009

AS NOSSAS MUNDIVIDÊNCIAS

Não se pode ficar indiferente ao excelente artigo de Alexandra Lucas Coelho (ALC), na Revista Ípsilon do Jornal Público de 6ª feira 31 de Julho de 2009, sobre o último livro do portalegrense Rui Cardoso Martins (RCM). Sobretudo não se pode deixar de sentir emoção perante as interferências de RCM no belo texto de ALC.
São ambos de uma geração que ainda acreditam nos valores e no ser humano. Por isso, pertencem ainda aqueles cuja forma de se encontrarem passa, literalmente, pela utilização da estética e da ética e não pela retórica. No fundo pela procura de uma profunda mundividência.
O texto de ALC é essa busca de mundividência. Mas também é mundividência o caminho que faz caminhando* RCM quando refere outros (as), num percurso que é de todos, mas que só alguns conseguem percorrer.
O elenco de referências utilizadas por RCM, que conheço pessoalmente por ser filho de dois amigos e colegas, é vasto e universal, o que nos reenvia para o patamar de um homem culto, de vida e de mundo. Por isso não me surpreende.
Todavia não poderia ficar indiferente a um nome por ele referido: António Buero Vallejo.**
Aqui, regresso ao post anterior sobre Mário Barradas (MB). Também homem culto, de vida e de mundo. MB e RCM pertencem a duas gerações, separadas por uma outra, onde os pontos comuns surgem, porque a Arte e a Vida são um contínuum inesgotável. É esta essência que torna umas pessoas, mais do que outras, protagonistas da reflexão, da crítica, da obra e do conhecimento. Portanto pessoas portadoras de sabedoria e de profunda humanidade.
António Buero Vallejo é, também, uma dessas extraordinárias pessoas que RCM conhece pela sua obra de dramaturgo, que MB conheceu pela sua proximidade de encenador com o dramaturgo e que eu conheci num Seminário excelente que desenvolveu na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa, nos finais de 1974, quando Mário Barradas era então director.
António Buero Vallejo trazido por Mário Barradas e recordado por Rui Cardoso Martins, merecia esta homenagem.
Se bem me lembro, como nós o escutámos.
Da esquerda para a direita, Simões, Avelino, Gil, São José, Maria, Valentim, Buero Vallejo e Mário Barradas.