09 junho 2009

A INVESTIGAÇÃO EM ARTE NO ENSINO SUPERIOR

Por motivos de agenda não me foi possível estar presente no I Congresso Internacional de Investigação em Arte realizado em Maio na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.
Das informações que obtive pareceu-me ter sido um evento bastante interessante, até pelo facto de, pela primeira vez, se ter discutido publicamente a problemática da Investigação em Arte em Portugal. Melhor dizendo, falou-se vagamente nos distanciados Congressos de Educação Artística realizados, um pela UNESCO e outro pelo Governo.
Também, pelas informações que obtive, o objecto de discussão permanente situou-se predominantemente sobre as Artes Plásticas e Visuais. Pouco ou nada se discutiu sobre Teatro, Cinema, Dança, Música e outras linguagens da criação artística contemporânea.
A legitimidade na organização da “coisa pública” é sempre um acto de liberdade. Por esse facto deverá ser detentora de um sentido de pluralidade.
Entendo o direito e a legitimidade de Centros de Investigação em Arte das Universidades tomarem a iniciativa de organizarem este Congresso, que louvo, uma vez que permitiu colocar em discussão uma matéria historicamente pouco discutida.
Lamento apenas que não tenha sido convidado nenhum Instituto Politécnico para estar na organização do Congresso. Desta forma ignora-se o percurso, nestes últimos vinte anos, da formação e criação artísticas nas suas Escolas Artísticas ou com cursos de Arte, sobretudo porque traduz uma realidade indiscutível: historicamente foi onde se iniciou a diversidade da formação artística em Portugal. Tradicionalmente a Universidade formava, exclusivamente, em Belas Artes, Escultura e Arquitectura.
Há ainda, nalgumas universidades, um discurso paternalista e hegemónico no que diz respeito à formação superior. Continua a ser difícil para algumas destas instituições coexistirem com o outro sub-sistema de formação superior, o que as leva a elaborar um discurso discriminatório em muitos dos percursos, que deveriam ser comuns com os Politécnicos, para bem do Ensino Superior em Portugal.
Esta reflexão vem a propósito do referido Congresso e do discurso que continua hegemónico no que diz respeito à Investigação em Arte no Ensino Superior em Portugal. Quer dizer, a Investigação em Arte é, supostamente, privilegiada nas Universidades, nomeadamente nos seus Centros de Investigação. Com esta certeza continua-se a ignorar as Artes nas Escolas Politécnicas, conforme entrevista recente de um responsável de um Centro de Investigação de uma Universidade Portuguesa (Revista Plenitude, nº 72, Junho de 2009, pág. 114/115).
Gostaria de referir, para finalizar, que estas questões da Investigação em Arte já eram uma das minhas preocupações em 1996, quando publicava um artigo na Revista APRENDER, nº 20 - OUT/96 - da ESE de Portalegre, inicialmente uma Comunicação no 1º Congresso dos Institutos Politécnicos, que questionava justamente a Investigação em Arte no Ensino Superior.