14 junho 2009

DEIXEM TRABALHAR OS ANIMADORES SOCIOCULTURAIS

Neste momento centenas de jovens estudantes de Animação Sociocultural (ASC), do ensino superior, fazem o seu último estágio académico antes de darem entrada na profissão.
Com medos, por não saberem o que vão encontrar. Com dúvidas, por não terem ainda a dimensão das suas competências. Com expectativas, por alimentarem a esperança de que esse poderá ser o seu primeiro emprego como Animador Sociocultural.
Às Instituições nós, os formadores, ficamos imensamente reconhecidos pelas oportunidades dadas a estes futuros profissionais e só esperamos que cumpram aquilo que os jovens futuros animadores socioculturais mais ambicionam: que os deixem trabalhar. Mas trabalhar em Animação Sociocultural. Felizmente que existem organizações que concretizam esse compromisso, criando condições para que essa experiência de estágio fique no patamar da satisfação para ambas as partes.
Todavia sabemos de muitas promessas feitas aos estagiários pela maioria das instituições: alimentam-lhes a esperança de que, após o estágio, poderão ficar como profissionais de ASC; sugerem-lhes a apresentação de um Projecto de Intervenção Sociocultural tendo em vista uma eventual admissão; enfim, apresentam um conjunto de promessas que iludem o mais inexperiente, mas ambicioso futuro profissional em ASC.
Sabemos que a maioria destas promessas cai em saco roto, deixando nos jovens a ideia de que foram utilizados como mão-de-obra barata. Aliás baratíssima, já que estes, ainda estudantes, não usufruem de qualquer vencimento ou subsídio atribuídos quer pelas escolas de Formação, quer pelas Instituições onde decorrem os estágios.
É preciso que a maioria das Instituições, que recebem estagiários de ASC, assuma a responsabilidade de que a ASC é para ser produzida pelos Animadores Socioculturais. Naturalmente, entrando nos seus projectos ou permitindo-lhes, eventualmente, a criação do seu próprio projecto profissional.
O que não faz sentido é receber estagiários de ASC e depois sujeitá-los a funções e papéis longe do âmbito da sua formação.
Por isso deixem os jovens, futuros animadores socioculturais, trabalharem em Animação Sociocultural. Esta abrange uma matriz tão polissémica quanto extensa: cultural, social educativa, artística…
Acreditem, eles têm essas competências.
Jovens animadores socioculturais, profissionais dentro de um, dois meses, não percam a capacidade de investir no vosso percurso. Continuando a estudar, a investigar e a reflectir/escrever sobre as vossas práticas irão definir, cada vez mais, a emergência e a urgência desta profissão num contexto contemporâneo de mudanças culturais rápidas e plurais.
A orientação deste percurso surgirá da necessidade da discussão colectiva sobre a vossa área profissional. Para isso as organizações profissionais são importantes. Criem-nas e dinamizem-nas. Até lá procurem o que existe. Por exemplo, A APDASC faz apelo à importância de aumentar os seus associados para se criarem novas dinâmicas, nomeadamente aquela outra da implementação dos Estatutos Profissionais, indispensáveis à regulação do espaço e da função da ASC e dos seus profissionais.