Quando morre uma andorinha...
Quando morre alguém, seja de que forma for, é sempre um pouco da Humanidade que parte. Bem sei, quando há nascimentos o equilíbrio restabelece-se e a Humanidade recompõe-se.
Lembro-me, na minha passagem pela Guiné colonial, hoje Guiné-Bissau, de assistir algumas vezes a rituais de choro pela perda de um ente querido. O choro era sereno, quase discreto, quando um homem grande partia, isto é, quando um Velho morria. Mas quando era um Jovem, o choro era gritante, penoso e sofredor. Estes rituais, que continuam apesar da aculturação e ocidentalização marcam, pela sua intensidade, a serenidade pela partida de um Velho no pressuposto cultural e religioso de ter já vivido muito tempo, assim como marcam, também pela intensidade, a dor pela partida de um Jovem. Afinal com tanto tempo ainda por viver…
Quando morre um Jovem, também nós sentimos essa diferença nos sentimentos, na ética e na inoportunidade…
O Francisco partiu. De uma forma abrupta, violenta e cruel.
O Animador Francisco legou, na sua Comunidade, a força e o animus da sua intervenção sociocultural.
Era jovem, com um sorriso sempre presente e com a vontade de ajudar a transformar o Mundo.
Não teve tempo.
A Animação Sociocultural perdeu um dos seus militantes, uma gota deste mar imenso que é a Intervenção sociocultural e Comunitária.
Quando morre uma andorinha não acaba a Primavera.
Vamos trabalhar mais afirmando a Animação Sociocultural como tempo e espaço que o Francisco gostaria de ter percorrido connosco.
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