14 janeiro 2009

COMO COMEÇA O FUNDAMENTALISMO?

Fico espantado com as apreciações que um chefe de uma igreja, neste caso da católica em Portugal, faz em nome do bem-estar das mulheres. Por suposto, das mulheres católicas. O cardeal patriarca de Lisboa sugeriu às mulheres portuguesas para evitarem o casamento com muçulmanos, uma vez que a experiência lhes poderá trazer alguns dissabores ou riscos.
Como é que um homem com responsabilidades teológicas importantes, indutoras de atitudes e de comportamentos, pode tomar posições desta natureza num quadro internacional de clivagens religiosas e civilizacionais.
Afinal a Igreja Católica fala ou não de Universalidade?

Como é que a Igreja Católica, promovendo este valor e esta cultura, emite através do cardeal patriarca de Lisboa uma posição conducente a rupturas, em solo português, onde felizmente a convivialidade e o respeito pela diferença religiosa não é um problema. Porventura, jamais o será.

Como é que um responsável da Igreja católica, supostamente com uma cultura humanista profunda, se arrisca a atiçar achas numa fogueira que todos nós desejaríamos ver apagada.

Generalizar? Fundamentalismos existem, infelizmente, mas em sociedades que estão ainda próximas da barbárie.

Embora não praticante sou, todavia, um católico que não se revê neste discurso. Lamento que tenha sido emitido e, sobretudo, por quem foi. Alguém por quem eu tinha admiração.