02 novembro 2008

CRÓNICAS DE BEM E DE MAL DIZER

DE BEM DIZER

Terminou em Espanha, há poucos dias, o II Congresso da RIA (Rede Iberoamericana de Animação Sociocultural). Pelas razões que os meus amigos e companheiros sabem, já as sabiam há algum tempo, não estive presente, mas mantive-me atento ao seu desenvolvimento pelo contacto que fui estabelecendo através da net. Concluí, pela dinâmica instituída, ter sido um sucesso. As várias conclusões que emergiram desta magna reunião tê-las-ei em pormenor quando estiver na próxima 5ª Feira na Madeira com o Albino Viveiros. A eleição da nova direcção que manteve, justificadamente, Victor Ventosa como seu Presidente, ao mesmo tempo que fez integrar novos elementos, desta feita com um número significativo de companheiros da América Latina, amplia o significado da universalidade das práticas da Animação Sociocultural. À nova Direcção da RIA desejo as melhores felicidades no seu desempenho. Ao Victor Ventosa, pela dedicação, empenho e generosidade o meu obrigado e um abraço solidário.

Terminou na última 6ª Feira, em Santarém, o Encontro Nacional do Projecto “Solidariedade Cidadã” enquadrado no Projecto Europeu E-QUAL. Foi um evento que permitiu solidificar os hábitos e as práticas da economia solidária, e da solidariedade em geral, porque foi antecedido de uma vivência, experimentação, reflexão e debate. Este Projecto envolveu, para além das Instituições formais como as ESEs de Coimbra, Faro, Portalegre e Santarém, assim como a Universidade do Algarve, ainda a Associação in Loco, com as dinâmicas da Priscila e da Lia e, naturalmente, quase 200 jovens estudantes das Instituições acima referidas. O sucesso do Projecto deve-se, sobretudo, ao envolvimento de um número significativo de agentes e de personalidades ligadas(os) ao desenvolvimento local.

Ontem mesmo, em Portalegre, teve lugar o lançamento do Número 4 da Revista Plátano, revista de arte e crítica de Portalegre, que configura um projecto de um conjunto de pessoas interessadas em criar um espaço de consciência crítica individual e colectiva que tanta falta faz ao interior do nosso país. Com a grande maioria dos(as) jovens a abandonarem as terras do interior deslocando-se para o litoral ou para o reencontro com a emigração, retorno esse que Portugal deve assumir historicamente como um novo fenómeno social e cultural que emerge da necessidade de sobrevivência, estas regiões do interior do país ficam, conjuntamente com as pessoas mais velhas que por lá vão ficando, à mercê de um envelhecimento precoce e sem futuro. Esta iniciativa, assim como a continuação da existência da Revista Plátano, em que o meu amigo Carlos Rôlo não se esqueceu de mencionar o carácter de abertura à participação/colaboração de todas as sensibilidades, profissões e estatutos sociais, faz parte afinal de uma dinâmica de desenvolvimento local que se quer emergente nos lugares, nos locais e nas regiões, para bem da qualidade de vida das populações. Parabéns portanto ao Comandante Carlos Juzarte Rôlo e aos Drs. Fernando Pina e Mário Casa Nova Martins autores deste projecto.

DE MAL DIZER

Não basta criticar-se a metodologia dos Encontros, dos Congressos, dos Forums e dos Colóquios, afirmando-se que esses modelos estão gastos. Até acredito que sim e por isso se vão criando novas dinâmicas nesses eventos que fazem implicar a participação de todos. Foi o caso do Encontro Nacional do Projecto Solidariedade Cidadã. O mais estranho é que a critica parte dos(as) mesmos(as) de sempre, que em nada contribuem para essa mudança, apenas falam. Como diriam os Gatos Fedorentos (Ah e tal! Eles falam, falam, pois é…). Ainda é mais estranho que se comente que o referido Encontro foi inovador na sua metodologia e não se tenha estado presente nos trabalhos ao longo do mesmo. Apenas se foi “botar faladura”, como se diz aqui pelo Alentejo, no momento do encerramento.

Também é interessante afirmar-se que se deve publicar cada vez mais obras que incidam sobre os objectos em discussão, ignorando-se que elas vão existindo. Isto é tanto mais grave quando se trata de uma polémica entre pares. Então a verdade da investigação não é a de partilhar o conhecimento adquirido? Porque é que se lembram só de algumas obras e não de outras também? Porque é que convidam sempre as mesmas pessoas para essa “partilha”. Pois é, estamos no campo do corporativismo cultural, onde só os amigos e correligionários (de partidos, de natalidade e de outros interesses é que contam).

Aqui tem de haver também uma mudança cultural.