05 outubro 2008

QUE RELAÇÃO EXISTE ENTRE A FORMAÇÃO SUPERIOR DE ANIMADORES SOCIOCULTURAIS E AS SUAS SAÍDAS PROFISSIONAIS?

Há um paradoxo na relação entre o acesso à formação superior de Animadores Socioculturais e as suas saídas profissionais. Vejamos porquê.

Tudo levava a crer que o mercado de trabalho estaria repleto, na sequência da proliferação de cursos de animação pelas instituições de ensino superior. Todavia, a surpresa é a de que os Animadores, com formação superior, não são suficientes para as necessidades do trabalho social, entendendo o perfil profissional que se vai definindo face à procura.

Essa procura não coincide nos objectivos e nos perfis de intervenção que são exigidos aos estudantes saídos dos cursos técnico-profissionais em animação sociocultural. Estes profissionais, que do meu ponto de vista deveriam denominar-se monitores de ASC, são também necessários, embora com um perfil de intervenção intermédia.

A prática vem demonstrando o(s) espaço(s) para o exercício da profissão de animador sociocultural, ao mesmo tempo que vem definindo os níveis de competência e desempenho.

É tão claro que, finalmente, as instituições privadas começam a reconhecer a importância dos animadores socioculturais com formação superior, conforme a recente aprovação do Contrato Colectivo de Trabalho junto das Instituições de Solidariedade Social. O próprio Estado, num futuro não muito longínquo, será obrigado a reconhecer este estatuto e este perfil, enquadrando a profissão nos normativos legais, aprovando os estatutos profissionais e as carreiras dos Animadores Socioculturais.

O paradoxo a que me referia no início deste texto, diz respeito à contradição existente entre o número de estudantes de Animação Sociocultural ingressados no ensino superior nos últimos três anos, cuja redução progressiva tem sido notória, mas com uma empregabilidade regular e razoável, por comparação com outros cursos associados ao trabalho social, como por exemplo o curso de Serviço Social, cujo aumento de estudantes tem sido progressivo e notório, mas cujas saídas profissionais não têm vindo a corresponder à expectativas dos estudantes recém-formados.

De facto, é no mercado de trabalho que esta comparação formal se esvai. Os animadores socioculturais vão-se implantando e afirmando, ao contrário de outras profissões de trabalho social. Não se trata aqui de evocar uma competição no exercício de uma profissão relativamente a outras, mas tão só constatar a emergência e a pertinência da profissão de animador sociocultural.

Isto revela afinal a importância da Animação Sociocultural e, claro está, do Animador, reconhecendo-se, no seu perfil e no seu desempenho, novas atitudes e novas competências capazes de potenciarem respostas de maior proximidade e de mais eficácia, associadas aos interesses e necessidades da sociedade.

Afinal, uma formação generalista, polissémica e diversificada ao serviço das comunidades e que envolve a matriz base da Animação Sociocultural: a dimensão cultural, a dimensão social, a dimensão artística e a dimensão educativa.