20 julho 2008

SÃO JOSÉ LAPA




Decididamente uma grande actriz!

Porventura uma das melhores, se não a melhor actriz da sua geração.

Infelizmente tão pouco aproveitada pelo Teatro Português.

O grande público conhece-a da Televisão. Do programa Humor de Perdição de Herman José, de algumas telenovelas e, mais recentemente, do programa Dança Comigo.
Mas a São José é uma actriz muito mais marcante, conforme a Enciclopédia Livre “Wikipédia” nos mostra: "Maria de São José Mamede de Pádua Lapa (Lisboa, 19 de Março de 1951) é uma actriz e encenadora portuguesa. Estreou-se na Casa da Comédia com a peça Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros, encenada pela sua irmã, a actriz e encenadora Fernanda Lapa. Concluiu na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa o Curso de Formação de Actores e Encenadores e dirige Amélia Videira na peça A Húngara de Mário Fratti. Fundou a Companhia de Teatro A Centelha, contratada pelo Estado Português para desenvolver no distrito de Viseu um projecto de animação, promoção e descentralização teatral. Aí se apresentou em centenas de espectáculos por todo o distrito durante pouco mais de um ano. Leccionou, ainda, a disciplina de Movimento e Drama na Escola do Magistério Primário de Viseu. Novamente em Lisboa é dirigida por Filipe La Féria na Peça A Paixão de Pier Paolo Pasolini, de René Kaliski, ao lado de Rogério Samora na Casa da Comédia. Recebe da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro o prémio para a Melhor Actriz do Ano pelo seu desempenho na peça Casamento Branco, de Tadeusz Rozewicth. Ingressa, posteriormente, na Companhia do Teatro Nacional onde é dirigida por Artur Ramos em Fernando Talvez Pessoa, de Jaime Salazar Sampaio. A partir daí, salienta a sua interpretação nas peças Mãe Coragem de Bertolt Brecht, encenada por Jean-Marie Villigier; Guerras do Alecrim e Mangerona, de António José da Silva e O Leque de Lady Windermere, Oscar Wilde, ambas encenadas por Carlos Avilez; Passa por Mim no Rossio, texto e encenação de Filipe La Féria. Na encenação salienta os seus últimos projectos - 12 Mulheres e 1 Cadela baseado em textos de Inês Pedrosa, para o Teatro da Trindade (2005) e Sonho de Uma Noite de Verão para o Espaço das Aguncheiras (2006)".

Tenho a sorte de a conhecer há mais de trinta e cinco anos. Fomos colegas na Escola Superior de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional em Lisboa; fomos companheiros na descentralização teatral, ela para Viseu e eu para Évora e, felizmente, dessa data até hoje, somos amigos que, reciprocamente, nos respeitamos e admiramos. Os nossos contactos, por via da distância e das ocupações de ambos, fazem-se pontualmente, mas vamos sabendo coisas um do outro através de terceiros que se cruzam nos nossos caminhos.

Para além de considerar a São José Lapa uma talentosa actriz e encenadora, mantenho dela a recordação e a imagem com que a conheci: solidária, combatente, irreverente, amiga e apaixonada. Os anos passaram e a São José trilhou coerentemente um caminho que, paulatinamente, aprofundava os valores em que sempre acreditou, mas com um discurso sempre inovador e que a tornam hoje uma referência pela ética, pela moral e pelo profissionalismo junto dos seus colegas, dos amigos e do público que ela sabe acarinhar.

A dimensão da solidariedade tem sido gerida por si muito discretamente no apoio a causas sociais, culturais e ecológicas. É uma cidadã que exercita a cidadania de uma forma intemporal e desinteressada, aliás traduzida na sua opção pelo Espaço das Aguncheiras construído conjuntamente com a sua filha Inês, também actriz. Neste Espaço, São José Lapa valoriza e dinamiza o respeito pela natureza através de iniciativas culturais e artísticas, especialmente através do Teatro, abrindo um espaço que é privado, a sua área de intimidade, partilhando-o com o público anónimo disposto a entrar na reflexão e no entretenimento lançados pela actriz.

É um projecto que releva da coerência e humanidade de uma mulher que aprendi a respeitar e a admirar de há trinta e cinco anos a esta parte.
Por ser alguém que não desiste e porque luta generosamente pela causa pública, tem a legitimidade que só as pessoas nobres alcançam: a de ser estimada e admirada pelo seu percurso e história de vida. Por isso faço aqui no meu espaço um tributo singelo à grandeza de alguém que admiro e estimo e que sei ser também estimada por muita gente neste país.

Obrigado minha amiga pela amizade e camaradagem de longos anos.