15 março 2008

A IGUALDADE DE GÉNEROS

Na continuidade do que vem sendo a resposta à política da igualdade de géneros, isto é, na sequência de uma directiva da União Europeia que incentiva os governos a acelerarem e praticarem uma política de igualdade entre homens e mulheres no acesso destas aos lugares de topo, e não só, também no quotidiano da partilha de oportunidades de espaço e de tempo na sociedade, verificamos que esta decisão, esta cultura e esta mudança estão ainda muito longe de serem realizadas.

Se repararmos, nestes últimos 15/20 anos, cursos e profissões que foram predominantemente de homens, são hoje espaços de conquista e de afirmação das mulheres. Todavia, ainda é muito reduzido o número destas com acesso aos lugares de topo, da liderança e da decisão. A conquista desses espaços e dessa afirmação, profissional sobretudo, ainda não encontrou eco nas compensações financeiras, isto é, ainda não colocaram a mulher em paridade com o homem no exercício das mesmas funções.

Tudo isto a propósito do dia 08 de Março, Dia Internacional da Mulher!

Sem quaisquer preconceitos, de moralidade ou de paternalismo, incomodam-me as opções de festejos para este dia, as quais se situam, quase exclusivamente, num movimento de socialização vazio, a maioria das vezes gratuito. Incomoda-me também quando essas iniciativas, que se generalizam através de jantares, de bailes e de strippers, são realizadas por organizações que deveriam pensar e repensar a mulher no dia-a-dia, manifestando solidariedade perante as questões da violência doméstica, perante a existente discriminação social e profissional e, finalmente, perante as dificuldades de conciliação entre o seu frágil estatuto sócio-profissional com a sua vida doméstica.

Mas, acreditem, incomoda-me muito mais, quando são as autarquias a desempenharem esse papel. A responsabilidade política, neste caso, é a de comemorar a efeméride com dignidade. Naturalmente, também com espaços lúdicos e de entretenimento mas, sobretudo, com espaços de reflexão e de decisão política. Espaços, afinal, que contribuam para dignificar este dia, como dia de legitimação de igualdade absoluta entre homens e mulheres. Em festa, naturalmente, mas que seja o corolário de iniciativas de formação e intervenção, desenvolvidas ao longo do ano, sobre a importância do papel da mulher na sociedade de hoje.

Não tenho pretensões de dar respostas ou soluções. Mas sei, todos sabemos aliás, por vivermos em sociedade, que as mulheres são tanto ou mais competentes e dinâmicas que os homens. Afinal sei, sabemos todos, que as mulheres não só merecem, como têm o direito, de serem felizes e de terem, em absoluto, as mesmas oportunidades.

Finalmente, compete-nos a nós, homens, contribuir para a legitimidade da igualdade de géneros. Talvez se acelere o processo e a mudança de mentalidades, se lutarmos ao lado das mulheres, reivindicando para nós, os mesmos, apenas os mesmos direitos e oportunidades que elas vão tendo.