19 novembro 2007

CONFERÊNCIA NACIONAL SOBRE A PROFISSÃO DE ANIMADOR

Tenho vindo a defender a realização urgente de um Forum ou de uma Conferência Nacional onde se discutam as questões da profissão de Animador. No Forum da APDASC sugeri que se realizasse esse evento, organizado por uma ou duas associações representativas da classe, mas também pelas Universidades e Politécnicos que oferecem cursos de Animação. Acrescentaria agora, também, a participação dos Sindicatos, pelo seu poder institucional e pela sua experiência na pressão sobre os governos em problemáticas como as definições e defesa de carreiras.

É a pensar nessa tal Conferência Nacional que vou propor à coordenação do curso de Animação Sociocultural da ESE de Portalegre, onde sou professor, a possibilidade de se organizar um Forum onde estas matérias sejam debatidas. A acontecer será em Portalegre e em finais de Fevereiro do próximo ano.

Talvez seja o primeiro passo para se fazer profundamente esta reflexão, ao mesmo tempo que se ganha a oportunidade de poderem surgir os primeiros documentos sobre esta matéria que, posteriormente, seriam dirigidos à Conferência Nacional onde a sua discussão seria bastante mais alargada. Aí sim, seriam produzidos os documentos finais em forma de recomendações ou de conclusões, a serem entregues na Assembleia da República, ao Governo e ao Presidente da República.

A propósito do tal Congresso por mim sugerido, restringido às questões das carreiras e por outro congresso, muito mais abrangente, sugerido pelo meu amigo e colega Marcelino Lopes, da UTAD, onde a tónica continua a ser as questões epistemológicas da Animação, o Carlos Costa da APDASC sugeriu alguns temas, abrangentes também, mas que não encontrou eco na concepção de Congresso proposto pelo Marcelino, tendo sido estabelecido um diálogo interessante entre ambos.

Sobre este diálogo irei referir-me apenas à questão da docência em Animação levantada pelo Carlos Costa, mais concretamente sobre o Animador enquanto Professor. A esta questão Marcelino Lopes afirmava que: “uma coisa é formar para a Animação Sociocultural e outra é formar Animadores Socioculturais. É este carácter bidireccional que deve definir o Animador e o Professor de Animação e acresce dizer que a Animação não é propriedade exclusiva dos Animadores Socioculturais, assim como a medicina não é dos médicos, o ensino não o é dos professores…”

Lendo com atenção as palavras do meu colega Marcelino, vejo-as como uma observação demasiado arriscada, por ser uma forma demasiado aberta de aceitar a função/profissão de Animador ou de outra função/profissão qualquer, nomeadamente naqueles exemplos dados pelo Marcelino. Reflectindo-se assim, facilmente nos conduzimos àquele ditado popular “de médico e de louco todos temos um pouco”. Com efeito poderemos falar de dois percursos diferentes da formação em Animação. É urgente que se faça formação de formadores no sentido de permitir que a formação de Animadores seja mais objectiva, mais científica, mas também mais pragmática. Isto, melhor do que ninguém, sabe o Marcelino e alguns de nós, que viemos da prática para a teoria. Faz sentido falar-se de formação para a docência em Animação com a mesma legitimidade que se fala da formação para Animador, mas é importante colocá-las no percurso das opções individuais, que legitima também as hipóteses dos animadores seguirem outras carreiras ligadas à Animação. Porventura alguns, depois de um período fértil de experiência profissional, terão a possibilidade de pensar uma outra dimensão da Animação no seu percurso profissional que é, justamente, o da docência em Animação. Esse campo deverá estar preparado ao nível dos 2ºs ciclos. Se repararmos, neste momento, não somos assim tantos que se encontram a leccionar no ensino superior, que tenham uma história longa e rica como animador, como tem o Marcelino e mais alguns de nós.

Permitindo-me discordar do Marcelino pela abertura tão ampla à profissão de Animador, no princípio de que todos somos animadores, mesmo aqueles que por formação não seriam, construo aqui também uma expressão que nos reenvia para o ditado popular acima referido: “TODOS FAZEM ANIMAÇÃO, MAS UNS SABEM E OUTROS NÃO