Textos Setembro 2006
A crença de que o que “existe lá fora” ou o que “vem de fora” é o melhor para nós ou, na pior das hipóteses, é melhor do que nós, deixa-me absolutamente irritado. Por vezes somos de tal ordem fatalistas que nos humilhamos, mais, admitimos que nos humilhem naquilo que traduz as nossas capacidades e competências: “ a galinha da vizinha é sempre melhor do que a nossa”.
É verdade que temos dificuldades em cumprir horários, que passamos a vida a lamentar-nos, que aderimos facilmente ao escárnio e ao mal dizer, mas também é verdade que o nosso potencial criativo, de trabalho e de dedicação não é pior que o dos outros “lá de fora”.
A experiência de bolseiro no Canadá ou em Paris e o conhecimento que vou tendo pelos outros países por onde ando em trabalho não me mostra grandes diferenças nas capacidades e na aptidão das pessoas face ao trabalho ou à tarefa que gostam de realizar. Pelo contrário, nestes países há portugueses de sucesso e há portugueses que cumprem as suas funções com dedicação e competência.Isto a propósito da minha recente viagem por Palermo - Sícilia, ao abrigo do projecto europeu E-QUAL. A Itália pertence ao G8 (países mais desenvolvidos) mas, em muitas matérias, não está, nem pouco mais ou menos, longe de nós. Por exemplo, neste momento apostam na integração plena dos computadores nas zonas isoladas. Lembro que iniciámos este projecto nos finais da década de oitenta com o Projecto Minerva, continuámo-lo com o Projecto ECO e depois com o Projecto das Escolas Isoladas.
A apresentação de projectos sobre a inserção profissional são tão ligeiros e banais, que não vejo inovação avançada relativamente ao que fazemos cá nesta matéria.
A vida cultural está bastante associada ao património e às organizações institucionais e muito menos associada ao movimento associativo organizado e espontâneo.Não somos tão maus como nos querem “pintar”. Temos gente capaz, lutadora, empenhada. Dêem-nos as oportunidades, os apoios e a boa liderança na gestão.Basta de nos lamentarmos e dêem-nos trabalho que agiremos com competência e empenho.
PS: Numa reportagem apresentada ontem pela SIC verificamos que continuamos a deixar de valorizar as competências. Imensa gente com mestrados e doutoramentos, a maioria na áreas das ciências, absolutamente ao abandono e sem emprego. Temos as pessoas e as competências, mas temos também a má gestão e a má liderança.
Não tarda muito estes também fogem…
25.Setembro.2006
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A poucas horas da minha partida para Palermo (Itália) onde durante toda a semana irei participar numa reunião europeia do Projecto E-QUAL, não quis deixar de fazer um pequeno comentário a propósito dos concursos de ingresso ao ensino superior.
Primeira questão: concretizou-se aquilo que era esperado, isto é, nas instituições de ensino superior público do litoral, incluindo Coimbra, as vagas foram quase todas preenchidas. Está à vista, portanto, o panorama das instituições situadas no interior do país. Cada ano que passa vão sofrendo reduções no número de alunos e também no financiamento, é preciso que se diga! A desertificação das regiões do interior vai acontecendo paulatinamente.
Segunda questão: exceptuando medicina, que surge em força pela abertura de mais vagas e pela diminuição das médias de entrada, aparece um curso a impor-se a nível nacional. É o “boom” do Serviço Social. As vagas foram totalmente preenchidas em todo o território. Estes “boom” funcionam muito por modas e em tempos relativamente curtos associados à saturação do mercado de trabalho. Aconteceu assim com a Animação, a Educação Social, o Teatro e porventura outras de áreas diferentes. O preenchimento das vagas tem vindo a diminuir a nível nacional, sendo mais evidente nas regiões do interior.
Terceira e última questão: como tenho vindo a referir, a quantidade de cursos de Animação e a enorme diversidade na sua nomenclatura que convocam praticamente os mesmos planos de estudo e as mesmas saídas profissionais, insere-se no panorama acima exposto. Vagas preenchidas quase na totalidade em todo o litoral, enquanto no interior as instituições foram fortemente penalizadas.
Parafraseando José Gomes Ferreira: “E agora José?”
Voltaremos ao assunto com uma reflexão mais profunda!
18.Setembro.2006
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Foi já lançado o primeiro número da Revista Electrónica Iberoamericana de Animação Sociocultural.
Consulte a página web
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Que privilegiados são aqueles que conseguem ser bolseiros!
Milhares de pessoas neste país tiveram, ou têm neste momento, bolsas de estudo que lhes permitiram, e permitem naturalmente, concretizar os seus sonhos nas várias áreas da cidadania.
Milhares de pessoas neste país chegaram, e chegarão ainda outros, ao momento da realização dos seus sonhos, porque existiram, e existem ainda felizmente, pessoas e instituições, que de modo altruísta, confiam naqueles que se lhes dirigem a solicitar apoio na organização do seu futuro.
Depois deste privilégio ter sido concretizado, pouco ou nada leva a que as relações entre uns, os bolseiros, e outros, os beneméritos, continuem. Pelo contrário, fica apenas a gratidão e a memória de uns e a sensação do dever cumprido de outros. Talvez os mais mediáticos tenham oportunidade de fazer agradecimentos públicos a esses beneméritos.
Da minha parte, o único registo público que promovo, e faço sempre questão de o fazer, dilui-se na apresentação do meu currículo vitae.
Chegamos onde queremos porque, em primeira instância, temos o apoio das nossas famílias. Mas, numa sociedade como a nossa, o apoio familiar é extremamente limitado…De facto fui, sou, verdadeiramente um privilegiado. Faço aquilo que gosto. Cheguei até aqui, onde me encontro profissionalmente porque, para além da família, tive a sorte de ser bolseiro.
E quero mencioná-lo, já que tenho esta oportunidade. Quero referir todo o apoio que tive para este meu percurso de pessoa e profissional.O primeiro apoio que tive, que não foi formalmente uma bolsa de estudo, mas apenas a criação de condições que me permitiram, com ausências prolongadas no meu trabalho como jovem desenhador da construção civil, frequentar as minhas aulas de dança clássica. Devo de facto a criação dessas condições, nomeadamente a continuação do pagamento do meu salário, ao senhor General e Engenheiro Flávio dos Santos, dono da empresa Fundações Franky Lda, onde eu aprendia a arte do desenho industrial.
O outro apoio, formalmente uma bolsa, foi o não ter necessidade de pagar propinas para fazer a minha formação de bailarino clássico. A senhora D. Anna Máscolo foi a benemérita.
Na minha formação inicial de estudos superiores de teatro na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional, durante os quatro anos de licenciatura, tive bolsa da Fundação Gulbenkian.
Durante uma pós-gradução em técnicas de mimo e dança criativa, realizadas em Paris durante um ano, fui bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura e do Centro Cultural de Évora (actual CENDREV).
Para realizar o meu mestrado em Ciências da Educação, durante dois anos no Canadá, fui bolseiro da Escola Superior de Educação de Portalegre e da Université de Montréal.
Finalmente, fiz o meu doutoramento na Universidade de Aveiro graças a uma bolsa de teatro que me foi dada, uma vez mais, pela Fundação Gulbenkian.
Não me posso queixar. De facto fui um privilegiado. Agradeci, na altura própria, a cada uma das pessoas ou instituições envolvidas. Todavia, tudo isso está hoje no silêncio e na memória. Hoje quero tornar público esse privilégio.
Muito obrigado por me terem permitido tratar do meu futuro. Aquele com que sempre sonhei.
10.Setembro.2006
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Reportando-me ao meu último escrito de antes de férias, estamos assim no novo ano de 2006/2007.
Bom Ano então: sucessos profissionais; oportunidades garantidas; estabilidades nos afectos; maior compreensão e tolerância. Cada dia que começa é o início de um novo ano para cada um de nós, como é o princípio do resto dos nossos dias. Por isso vale sempre a pena investirmos em nós e nos outros, construindo a solidariedade e aumentando o conhecimento, valorizando a nossa identidade cultural e mostrando-nos abertos ao mundo, às outras culturas e aos outros povos. Todavia, repudiando objectivamente todas as espécies de fundamentalismo.Gostaria de referenciar a dinâmica da A.P.D.A.S.C. (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural. O seu site, www.apdasc.com, mostra-nos que um conjunto de jovens animadores está atento a esta problemática, ao criarem oportunidades de reflexão envolvendo todos aqueles que fazem, em toda a dimensão, a animação sociocultural. Para além disso é um espaço de oferta de serviços e informações úteis a todos os que entendem a animação também como um serviço público. No próximo dia 20 comemora o seu primeiro aniversário e no dia 23 festeja-o com um jantar que decorrerá em Muranzel (Torreira), no Aparthotel Jardins da Ria. Em princípio irei estar presente para dar um abraço ao Carlos Costa e aos jovens dinamizadores da Associação.Estou um pouco triste pela utilização que se faz do espaço Internet. O aparecimento de blogues de boa ou má qualidade é uma realidade. As nossas opções viram-se naturalmente para os nossos interesses, o que nos leva a consultar aqueles espaços com os quais nos identificamos ou com os quais podemos sempre aprender. Por isso, os meus espaços de consultam gravitam muito em torno do Teatro e da Animação.Ao consultar o blogue Teatro na Educação deparei-me com artigos muito interessantes, desde aqueles que traduzem algumas ansiedades e expectativas profissionais, como outros que nos mostram tempos e espaços de reflexão sobre a área do teatro na educação. O Carlos Fragateiro, entre outros, é uma das pessoas que pensam e ajudam a pensar. Somos colegas e amigos desde o Conservatório, do mestrado de Montreal e do doutoramento em Aveiro, mas não é por isso que temos de estar sempre de acordo. Neste espaço, há já algum tempo, critiquei algumas apreciações sobre teatro feitas pelo Carlos, antes de ser oficialmente nomeado para director do Teatro Nacional D. Maria. Mas, no mesmo artigo, também o defendi de ataques cerrados e injustos que consubstanciavam invejas e incompetências.A história repete-se no blogue acima referido. Não estou de acordo com a apreciação subjectiva que o Fragateiro faz da importância do Teatro na Educação. Ele coloca o Rossio na Rua da Betesga. É importante separar as águas, isto é, os conceitos, e admitir que existem diferentes abordagens à função educativa do teatro. Por isso, e também porque em sede de doutoramento reflecti profundamente sobre esta matéria, donde emergiram objectivamente os conceitos de expressão dramática e de arte dramática, sugiro que vale a pena continuar a reflectir-se colectivamente, quer em sede de associações profissionais, quer em encontros e/ou seminários sobre esta matéria. Ficaria satisfeito se estas questões emergissem apenas pela discordância epistemológica, mas infelizmente elas emergem, uma vez mais, com críticas que são apenas ofensas, insinuações e injustiças. Aquilo que poderia ser uma discussão de conteúdo, interessante para todos, tornou-se uma discussão de acessórios para alguns. O espaço, que é de todos, poderia ser rentabilizado para a nossa reflexão conjunta sobre esta matéria onde, seguramente, muito aprenderíamos. Afinal, um espaço que não pode ser personalizado e, por isso mesmo, não pode ser afectado por questões pessoais que traduzam inveja sobre estatutos sociais, sobre ordenados e coisas desse género, que não me interessa saber, nem do Fragateiro, nem de ninguém. Meus amigos, deixemos estas merdas de politiquices e concentremo-nos naquilo que é importante: o Teatro e a Educação, tanto nas suas questões teórico-práticas, como nas decisões, tomadas ou não, em termos de políticas educativas relativamente ao Ensino Artístico em geral e ao Teatro em particular.Continuemos a dedicar-nos ao Teatro onde muitos de nós, dos mais velhos aos mais novos, investimos e continuamos a investir, porque amamos o que fazemos e fazer teatro é também amar a vida.PS:O Congresso de Animação, em Salamanca, onde faremos uma Comunicação, está à porta (19 a 22 de Outubro próximo). Na mesma data e no mesmo local sairá o 1º número da Revista Electrónica Ibero-Americana de Animação Sociocultural, assim como nascerá a Rede Ibero-Americana de Animação Sociocultural.Também em Outubro, entre 25 e 27, decorrerá em Castelo Branco o III Encontro Património Cultural e Globalização, onde faremos também uma Comunicação.
03.Setembro.2006
É verdade que temos dificuldades em cumprir horários, que passamos a vida a lamentar-nos, que aderimos facilmente ao escárnio e ao mal dizer, mas também é verdade que o nosso potencial criativo, de trabalho e de dedicação não é pior que o dos outros “lá de fora”.
A experiência de bolseiro no Canadá ou em Paris e o conhecimento que vou tendo pelos outros países por onde ando em trabalho não me mostra grandes diferenças nas capacidades e na aptidão das pessoas face ao trabalho ou à tarefa que gostam de realizar. Pelo contrário, nestes países há portugueses de sucesso e há portugueses que cumprem as suas funções com dedicação e competência.Isto a propósito da minha recente viagem por Palermo - Sícilia, ao abrigo do projecto europeu E-QUAL. A Itália pertence ao G8 (países mais desenvolvidos) mas, em muitas matérias, não está, nem pouco mais ou menos, longe de nós. Por exemplo, neste momento apostam na integração plena dos computadores nas zonas isoladas. Lembro que iniciámos este projecto nos finais da década de oitenta com o Projecto Minerva, continuámo-lo com o Projecto ECO e depois com o Projecto das Escolas Isoladas.
A apresentação de projectos sobre a inserção profissional são tão ligeiros e banais, que não vejo inovação avançada relativamente ao que fazemos cá nesta matéria.
A vida cultural está bastante associada ao património e às organizações institucionais e muito menos associada ao movimento associativo organizado e espontâneo.Não somos tão maus como nos querem “pintar”. Temos gente capaz, lutadora, empenhada. Dêem-nos as oportunidades, os apoios e a boa liderança na gestão.Basta de nos lamentarmos e dêem-nos trabalho que agiremos com competência e empenho.
PS: Numa reportagem apresentada ontem pela SIC verificamos que continuamos a deixar de valorizar as competências. Imensa gente com mestrados e doutoramentos, a maioria na áreas das ciências, absolutamente ao abandono e sem emprego. Temos as pessoas e as competências, mas temos também a má gestão e a má liderança.
Não tarda muito estes também fogem…
25.Setembro.2006
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A poucas horas da minha partida para Palermo (Itália) onde durante toda a semana irei participar numa reunião europeia do Projecto E-QUAL, não quis deixar de fazer um pequeno comentário a propósito dos concursos de ingresso ao ensino superior.
Primeira questão: concretizou-se aquilo que era esperado, isto é, nas instituições de ensino superior público do litoral, incluindo Coimbra, as vagas foram quase todas preenchidas. Está à vista, portanto, o panorama das instituições situadas no interior do país. Cada ano que passa vão sofrendo reduções no número de alunos e também no financiamento, é preciso que se diga! A desertificação das regiões do interior vai acontecendo paulatinamente.
Segunda questão: exceptuando medicina, que surge em força pela abertura de mais vagas e pela diminuição das médias de entrada, aparece um curso a impor-se a nível nacional. É o “boom” do Serviço Social. As vagas foram totalmente preenchidas em todo o território. Estes “boom” funcionam muito por modas e em tempos relativamente curtos associados à saturação do mercado de trabalho. Aconteceu assim com a Animação, a Educação Social, o Teatro e porventura outras de áreas diferentes. O preenchimento das vagas tem vindo a diminuir a nível nacional, sendo mais evidente nas regiões do interior.
Terceira e última questão: como tenho vindo a referir, a quantidade de cursos de Animação e a enorme diversidade na sua nomenclatura que convocam praticamente os mesmos planos de estudo e as mesmas saídas profissionais, insere-se no panorama acima exposto. Vagas preenchidas quase na totalidade em todo o litoral, enquanto no interior as instituições foram fortemente penalizadas.
Parafraseando José Gomes Ferreira: “E agora José?”
Voltaremos ao assunto com uma reflexão mais profunda!
18.Setembro.2006
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Foi já lançado o primeiro número da Revista Electrónica Iberoamericana de Animação Sociocultural.
Consulte a página web
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Que privilegiados são aqueles que conseguem ser bolseiros!
Milhares de pessoas neste país tiveram, ou têm neste momento, bolsas de estudo que lhes permitiram, e permitem naturalmente, concretizar os seus sonhos nas várias áreas da cidadania.
Milhares de pessoas neste país chegaram, e chegarão ainda outros, ao momento da realização dos seus sonhos, porque existiram, e existem ainda felizmente, pessoas e instituições, que de modo altruísta, confiam naqueles que se lhes dirigem a solicitar apoio na organização do seu futuro.
Depois deste privilégio ter sido concretizado, pouco ou nada leva a que as relações entre uns, os bolseiros, e outros, os beneméritos, continuem. Pelo contrário, fica apenas a gratidão e a memória de uns e a sensação do dever cumprido de outros. Talvez os mais mediáticos tenham oportunidade de fazer agradecimentos públicos a esses beneméritos.
Da minha parte, o único registo público que promovo, e faço sempre questão de o fazer, dilui-se na apresentação do meu currículo vitae.
Chegamos onde queremos porque, em primeira instância, temos o apoio das nossas famílias. Mas, numa sociedade como a nossa, o apoio familiar é extremamente limitado…De facto fui, sou, verdadeiramente um privilegiado. Faço aquilo que gosto. Cheguei até aqui, onde me encontro profissionalmente porque, para além da família, tive a sorte de ser bolseiro.
E quero mencioná-lo, já que tenho esta oportunidade. Quero referir todo o apoio que tive para este meu percurso de pessoa e profissional.O primeiro apoio que tive, que não foi formalmente uma bolsa de estudo, mas apenas a criação de condições que me permitiram, com ausências prolongadas no meu trabalho como jovem desenhador da construção civil, frequentar as minhas aulas de dança clássica. Devo de facto a criação dessas condições, nomeadamente a continuação do pagamento do meu salário, ao senhor General e Engenheiro Flávio dos Santos, dono da empresa Fundações Franky Lda, onde eu aprendia a arte do desenho industrial.
O outro apoio, formalmente uma bolsa, foi o não ter necessidade de pagar propinas para fazer a minha formação de bailarino clássico. A senhora D. Anna Máscolo foi a benemérita.
Na minha formação inicial de estudos superiores de teatro na Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional, durante os quatro anos de licenciatura, tive bolsa da Fundação Gulbenkian.
Durante uma pós-gradução em técnicas de mimo e dança criativa, realizadas em Paris durante um ano, fui bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura e do Centro Cultural de Évora (actual CENDREV).
Para realizar o meu mestrado em Ciências da Educação, durante dois anos no Canadá, fui bolseiro da Escola Superior de Educação de Portalegre e da Université de Montréal.
Finalmente, fiz o meu doutoramento na Universidade de Aveiro graças a uma bolsa de teatro que me foi dada, uma vez mais, pela Fundação Gulbenkian.
Não me posso queixar. De facto fui um privilegiado. Agradeci, na altura própria, a cada uma das pessoas ou instituições envolvidas. Todavia, tudo isso está hoje no silêncio e na memória. Hoje quero tornar público esse privilégio.
Muito obrigado por me terem permitido tratar do meu futuro. Aquele com que sempre sonhei.
10.Setembro.2006
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Reportando-me ao meu último escrito de antes de férias, estamos assim no novo ano de 2006/2007.
Bom Ano então: sucessos profissionais; oportunidades garantidas; estabilidades nos afectos; maior compreensão e tolerância. Cada dia que começa é o início de um novo ano para cada um de nós, como é o princípio do resto dos nossos dias. Por isso vale sempre a pena investirmos em nós e nos outros, construindo a solidariedade e aumentando o conhecimento, valorizando a nossa identidade cultural e mostrando-nos abertos ao mundo, às outras culturas e aos outros povos. Todavia, repudiando objectivamente todas as espécies de fundamentalismo.Gostaria de referenciar a dinâmica da A.P.D.A.S.C. (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Animação Sócio-Cultural. O seu site, www.apdasc.com, mostra-nos que um conjunto de jovens animadores está atento a esta problemática, ao criarem oportunidades de reflexão envolvendo todos aqueles que fazem, em toda a dimensão, a animação sociocultural. Para além disso é um espaço de oferta de serviços e informações úteis a todos os que entendem a animação também como um serviço público. No próximo dia 20 comemora o seu primeiro aniversário e no dia 23 festeja-o com um jantar que decorrerá em Muranzel (Torreira), no Aparthotel Jardins da Ria. Em princípio irei estar presente para dar um abraço ao Carlos Costa e aos jovens dinamizadores da Associação.Estou um pouco triste pela utilização que se faz do espaço Internet. O aparecimento de blogues de boa ou má qualidade é uma realidade. As nossas opções viram-se naturalmente para os nossos interesses, o que nos leva a consultar aqueles espaços com os quais nos identificamos ou com os quais podemos sempre aprender. Por isso, os meus espaços de consultam gravitam muito em torno do Teatro e da Animação.Ao consultar o blogue Teatro na Educação deparei-me com artigos muito interessantes, desde aqueles que traduzem algumas ansiedades e expectativas profissionais, como outros que nos mostram tempos e espaços de reflexão sobre a área do teatro na educação. O Carlos Fragateiro, entre outros, é uma das pessoas que pensam e ajudam a pensar. Somos colegas e amigos desde o Conservatório, do mestrado de Montreal e do doutoramento em Aveiro, mas não é por isso que temos de estar sempre de acordo. Neste espaço, há já algum tempo, critiquei algumas apreciações sobre teatro feitas pelo Carlos, antes de ser oficialmente nomeado para director do Teatro Nacional D. Maria. Mas, no mesmo artigo, também o defendi de ataques cerrados e injustos que consubstanciavam invejas e incompetências.A história repete-se no blogue acima referido. Não estou de acordo com a apreciação subjectiva que o Fragateiro faz da importância do Teatro na Educação. Ele coloca o Rossio na Rua da Betesga. É importante separar as águas, isto é, os conceitos, e admitir que existem diferentes abordagens à função educativa do teatro. Por isso, e também porque em sede de doutoramento reflecti profundamente sobre esta matéria, donde emergiram objectivamente os conceitos de expressão dramática e de arte dramática, sugiro que vale a pena continuar a reflectir-se colectivamente, quer em sede de associações profissionais, quer em encontros e/ou seminários sobre esta matéria. Ficaria satisfeito se estas questões emergissem apenas pela discordância epistemológica, mas infelizmente elas emergem, uma vez mais, com críticas que são apenas ofensas, insinuações e injustiças. Aquilo que poderia ser uma discussão de conteúdo, interessante para todos, tornou-se uma discussão de acessórios para alguns. O espaço, que é de todos, poderia ser rentabilizado para a nossa reflexão conjunta sobre esta matéria onde, seguramente, muito aprenderíamos. Afinal, um espaço que não pode ser personalizado e, por isso mesmo, não pode ser afectado por questões pessoais que traduzam inveja sobre estatutos sociais, sobre ordenados e coisas desse género, que não me interessa saber, nem do Fragateiro, nem de ninguém. Meus amigos, deixemos estas merdas de politiquices e concentremo-nos naquilo que é importante: o Teatro e a Educação, tanto nas suas questões teórico-práticas, como nas decisões, tomadas ou não, em termos de políticas educativas relativamente ao Ensino Artístico em geral e ao Teatro em particular.Continuemos a dedicar-nos ao Teatro onde muitos de nós, dos mais velhos aos mais novos, investimos e continuamos a investir, porque amamos o que fazemos e fazer teatro é também amar a vida.PS:O Congresso de Animação, em Salamanca, onde faremos uma Comunicação, está à porta (19 a 22 de Outubro próximo). Na mesma data e no mesmo local sairá o 1º número da Revista Electrónica Ibero-Americana de Animação Sociocultural, assim como nascerá a Rede Ibero-Americana de Animação Sociocultural.Também em Outubro, entre 25 e 27, decorrerá em Castelo Branco o III Encontro Património Cultural e Globalização, onde faremos também uma Comunicação.
03.Setembro.2006
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