27 fevereiro 2006

Textos Fevereiro 2006

Ainda a polémica da integração de professores em instituições culturais decidida pelo governo.

Claro que foi uma decisão política no sentido de contrariar a ideia de que há menos professores no desemprego e de que estes têm um perfil, tal ordem abrangente, que podem ocupar estes lugares e estas funções.

Nós sempre defendemos, ao longo do nosso extenso currículo de formador de professores e de animadores, de que os professores são uns animadores comunitários privilegiados, porque estão na comunidade, conhecem-na. Mas também dizemos que esta dupla função de professor e animador comunitário só funcionará em articulação com outras funções e outros papéis de agentes de desenvolvimento local, como por exemplo, entre outros, o de animador sociocultural.

Esta decisão política, que não atenua, nem por sombras, o desemprego dos professores, veio sim contribuir para o aumento do desemprego dos animadores.

Esta questão surge só porque, do nosso ponto de vista, cada vez mais se quer complicar o estatuto e a função do animador sociocultural. Para além de não se terem dados passos políticos na discussão do estatuto profissional com as organizações representativas, torna-se cada vez mais difícil a definição da carreira (que consubstancie o perfil e as funções do animador). Isto deve-se a duas razões muito simples:

a) ao aparecimento desenfreado de cursos e profissões que se candidatam a ocupar lugares que historicamente sempre foram espaços de intervenção da animação sociocultural;

b) por, ao abrigo do protocolo de Bolonha, existir a preocupação no ensino superior de reduzir cursos e nomenclaturas, correndo-se o risco da animação sociocultural ficar reduzida a uma única expressão: animação cultural.

Simplificando, muito rapidamente. Esta será uma atitude redutora, porque limitará a intervenção da animação a uma das suas modalidades quando, epistemologicamente, o corpus da animação é polissémico, e por isso abrangente. Sendo cultural é também social, por isso não podem nem devem separar-se.

Teremos oportunidade, certamente, de nas 3ªs Jornadas Internacionais de Animação Sociocultural que se realizarão em Chaves no próximo mês de Março sobre a orientação científica da UTAD, de discutirmos esta questão e de enviar as suas conclusões tanto ao Ministério do Ensino Superior, como às Coordenações das Universidades e dos Politécnicos.

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O meu sogro, meu amigo partiu! Ficam agora as saudades e a memória do encontro inesquecível que tivemos neste mundo.

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Levantaram-se as vozes dos críticos!

Uns, que ele não tem perfil, nem competência.Outros, que ele é populista…

Dessas vozes que se levantaram, há aqueles (poucos) que têm perfil e competência e que gostariam de estar no seu lugar.

Outros que não têm perfil nem competência, mas simplesmente não gostam dele.Outros ainda que não estão de acordo apenas porque fazem parte dos séquitos dos discordantes.

Ele apenas errou por falar antes de tempo e talvez um pouco de mais.

Mas tem legitimidade, não só política, mas moral e ética, para ocupar o lugar que outros querem.

Ele tem experiência profissional, currículo académico e, sobretudo, tem princípios.É um homem íntegro, honesto, voluntarioso e inteligente.

Do meu ponto de vista, discordando algumas coisas no que diz respeito aos objectivos, ele é o homem certo no sítio certo.

Parabéns e força Carlos Fragateiro.

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Não tenho legitimidade para pôr em causa a fé e a crença nos santos. Eu próprio, entre os momentos da dúvida e da certeza da minha fé, também tenho a crença no meu santo: o Santo António de Lisboa, meu padrinho de baptismo.

Mas acredito mais que os santos, a existirem, será bem perto de nós, na terra, quando os olhamos, os sentimos e partilhamos com eles aqueles momentos de paisagem espiritual, que nos convidam intensamente à reflexão e nos fazem relativizar a nossa existência.

E desses santos, tenho a certeza que há.

Pelo menos um.

Que em toda a sua vida mostrou amor pelo próximo, tolerância em profundidade, compreensão e aceitação da amizade e do amor no seu sentido mais pleno.

É um homem lindo, velhinho, pequeno, doce, e que teima em não querer deixar-nos.Ainda não partiste amigo, mas já tenho muitas saudades tuas. Nunca te disse, até hoje, mas tenho uma enorme amizade e admiração por ti. Obrigado por teres partilhado muitos anos de vida connosco.

Obrigado Manuel Alves, meu sogro, meu amigo.

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Estou on line pela 1ª vez!

Finalmente aceitei um item da ideia de globalização. Certamente que vou ter dificuldades em aceitar outros, não sabendo mesmo se alguma vez os vou aceitar.

Para me convencer a dar este passo, foi importante sentir o entusiasmo e a energia do meu filho Pedro. Tem já uma enorme experiência na concepção e utilização das novas tecnologias on line. Sobretudo, fui reencontrando no seu crescimento como homem, através da utilização que faz destes instrumentos, uma enorme sensibilidade humana, que se traduz na sua apetência cultural e artística. Afinal valores que trocámos e vivemos todos em família e que continuamos a manter.

Aceitei esta relação com as novas tecnologias, porque quero ser um homem do meu tempo, mas também para ser útil, informar, ser informado, enfim, para partilhar espaços de mundividência.

Relativamente a este instrumento e funções a ele inerentes, em termos universais naturalmente, tenho apenas uma expectativa ou esperança: a de que se tornem, cada vez mais, espaços e tempos de reflexão conjunta, na direcção de uma maior harmonia entre os povos e as culturas, entre as ideias e as diferenças, entre a tolerância e a solidariedade. E, cada vez menos, espaços de apelo à violência, à destruição, à incompreensão, ao individualismo e ao protagonismo.

Como disse, foi o trabalho do Pedro que me entusiasmou. Assim, deixo o convite para que partilhe essa experiência nas áreas que lhe são queridas - a arquitectura e a fotografia - mas também o cinema e a literatura.

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